O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff terá efeito também sobre a configuração dos ministérios que atendem ao agronegócio. Na Agricultura, a titular, Kátia Abreu, optou por contrariar a determinação do partido (PMDB) ao manter-se no cargo e declarar apoio à presidente. Mais do que isso, ficou em posição contrária à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que a projetou nacionalmente no segmento e da qual é presidente licenciada. Aliás, há quem avalie a perda do apoio da entidade como mais prejudicial do que o estranhamento com os peemedebistas.
No Ministério do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias deixou o cargo para a votação na Câmara. No caso da confirmação do afastamento de Dilma e de um governo sob a liderança do PMDB, ambos poderão ser convidados a abandonarem as posições. Há ainda a especulação de que as duas pastas possam ser unificadas em uma só.
O que mais inquieta, no entanto, é o período de incerteza, até o quadro estar definido. Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva afirma que existe uma paralisia nas ações:
– Precisamos de um governo funcionando. A agricultura não espera. Temos um Grito da Terra marcado para maio e não sabemos com quem negociar.
A Fetag-RS manteve a neutralidade no processo.
Com posição bem definida e alinhada à da CNA, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) não só se manifestou pelo impeachment como trabalhou por seu avanço. O presidente Carlos Sperotto entende, no entanto, que a avaliação sobre o futuro do ministério da Agricultura deve ficar para um pouco mais adiante.Em reunião na CNA, com federações e entidades do setor, além de referendar o movimento pela saída da presidente, também se avaliou que é necessário trabalhar pelo futuro do segmento.
– O setor está muito consciente, sabe que teremos de reescrever a sequência. Mas qualquer que seja o dirigente, não deixará de escutar um setor tão importante – opina Sperotto.