À medida que a colheita da soja ganhar força no Rio Grande do Sul, a partir da próxima semana, o porto de Rio Grande começará a embarcar volumes que prometem bater novo recorde. Entre março e setembro, a estimativa é de que 12,7 milhões de toneladas de grão, farelo e óleo sejam exportados pelo terminal gaúcho.
A quantidade deve ser 10% superior ao mesmo período do ano passado.
– O volume é calculado com base na expectativa de aumento da produção de soja e das exportações em razão do dólar – explica Darci Tartari, diretor-técnico do porto.
Mais de 80% da safra de soja chegará a Rio Grande por rodovias. Na década de 1980, quando a produção gaúcha de soja era duas vezes menor, as hidrovias dominavam o transporte no Estado.
– Na época, mais de 40% da safra era transportada por água. A frota de barcaças era muito maior – lembra Tartari, que já trabalhava no porto naqueles anos.
O grande fluxo de caminhões em direção a Rio Grande, resultado da falta de investimento em hidrovias e ferrovias durante anos, exigirá ações integradas entre o porto, polícia rodoviária e terminais graneleiros – Bianchini, Bunge e Termasa/Tergrasa. O primeiro encontro do Plano Safra, que reúne órgãos públicos e empresas do setor, ocorreu na semana passada.
Como em anos anteriores, todas as cargas terão horários previamente agendados para embarque no porto – modelo adotado para evitar filas e congestionamentos. O pico de movimentação deve ocorrer em abril e junho, quando vence grande parte dos contratos externos de venda do grão. Até maio, a estimativa é de que sejam colhidas mais de 16 milhões de toneladas de soja no Estado.
Para chegar a Rio Grande, a soja terá de percorrer estradas de chão batido, rodovias esburacadas e mal sinalizadas. A dependência de caminhões para escoamento da produção agrícola deixa produtores, cooperativas e tradings reféns de um custo logístico altíssimo. Nova supersafra, velho problema.