A ministra Kátia Abreu deu sinais de que não abandonará facilmente o governo Dilma Rousseff – pelo menos não por vontade própria. Em seu Twitter, a ministra voltou a se posicionar contrária ao processo de impeachment aberto no Congresso. Nas publicações, escreveu que continuará confiando na presidente petista.
"Acredito na honestidade da presidente Dilma. Até que provem o contrário. Pedalada não é argumento", disse Kátia, referindo-se às pedaladas fiscais adotadas pela gestão de Dilma, que consistiam em atrasos de repasses federais para bancos públicos. Pelo microblog, escreveu ainda que continuará trabalhando e que o Brasil não pode parar. Sobre as investigações da Operação Lava-Jato, a ministra disse confiar no trabalho da Justiça. "Tudo será esclarecido e os culpados punidos", escreveu.
Leia mais:
AGU recorre ao Supremo para garantir Lula na Casa Civil
Manifestantes fazem novo protesto contra Dilma em frente ao Planalto
Fachin se declara suspeito, e recurso de Lula no STF terá Rosa Weber como relatora
As publicações foram feitas após crescerem os rumores nos últimos dias de que Kátia poderia deixar o ministério, por pressões de lideranças do agronegócio e do próprio partido ao qual é filiada – PMDB, que promete desembarcar do governo até o final do mês. Em outras declarações, a ministra já afirmou que não concorda com a saída do partido da base aliada.
Sem forte identidade com PMDB, Kátia não teria grandes problemas em deixar o partido – caso a legenda decida pelo rompimento com a gestão Dilma e entregue os cargos. O nó mais difícil de ser desatado para continuar no governo será o do setor agropecuário. Até agora, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não pediu que a líder, que presidia a entidade, deixe o cargo. Mas entidades como Aprosoja, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e Sociedade Rural Brasileira (SRB) já manifestaram descontentamento com a postura da ministra.
Nesta segunda-feira, em nota divulgada após encontro da diretoria na Expoagro Afubra, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) também evitou posicionar-se contra ou a favor do impeachment de Dilma.
– Não queremos ser indutores de um processo, mas também não aceitamos posições que tragam desequilíbrio ao país – disse o presidente da entidade, Carlos Sperotto, que deve manter contato com a ministra ainda nesta terça.