Dos sete integrantes do PMDB nomeados pela presidente Dilma Rousseff para a Esplanada, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é a que estaria menos disposta a deixar o cargo para seguir a decisão do partido – que deve confirmar nesta terça-feira o desembarque do governo, em reunião do diretório nacional, em Brasília. Com trajetória recente na sigla, pouco mais de dois anos, e um histórico de três filiações em cinco anos, a senadora não teria grandes problemas em fazer nova troca agora.
Os rumores são de que o PSD estaria negociando o retorno da ministra ao partido, ao qual foi filiada de 2011 a 2013 – após deixar o DEM. A opção pelo PSD é reforçada pela atuação política dos filhos de Kátia no partido: Irajá Abreu, deputado federal por Tocantins, e Iratã Abreu, vereador em Palmas (TO). O retorno de Kátia ao PSD seria também uma estratégia para um dos filhos alçar voos maiores no Estado de origem.
Nesta segunda-feira, a ministra da Agricultura não participou da reunião de Dilma com ministros do PMDB, na véspera da decisão do diretório nacional.
Conforme o secretário nacional do Produtor Rural e Cooperativismo, o gaúcho Caio Rocha, a ausência deveu-se ao sepultamento de uma grande amiga da família da ministra, em Goiânia (GO).
– A decisão de Kátia, de ficar ou sair do ministério, terá caráter pessoal – disse Rocha, que deixará o cargo no governo assim que o PMDB nacional assim decidir.
Se optar por permanecer na Esplanada, a ministra da Agricultura terá de encarar também a oposição de representantes do setor agropecuário que nunca engoliram sua aproximação com o PT. Até agora, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não pediu que a ex-presidente da entidade deixe o governo.
– O setor está deixando Kátia muito à vontade para decidir – garante Carlos Sperotto, um dos vice-presidentes da CNA e presidente da Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul).
Sperotto nega pressões, mas tem afirmado que a posição ocupada pela ministra é resultado da representação do setor agropecuário.