A manutenção da queda nas vendas do setor de máquinas agrícolas não é nenhuma surpresa diante do cenário posto. O tamanho do tombo registrado no primeiro mês deste ano, no entanto, é mais um banho de água fria, reforçando a preocupação das indústrias em relação aos negócios. Na comparação com janeiro de 2015, o recuo chega a impressionantes 53,2%. Quando a referência é dezembro, a redução dos negócios fica em 29,4%, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Os efeitos desses resultados negativos aparecem também no encolhimento das vagas de trabalho. Os 15.420 funcionários empregados pelo setor representam contingente 16,1% menor do que em janeiro de 2015, e 0,1% inferior a dezembro.
Indústria de máquinas agrícolas quer feiras a cada dois anos
É verdade que janeiro não costuma ser um mês expressivo em termos de vendas, mas no ano passado "também não era", como pontua Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
- Se o governo não mudar esse juro (a taxa de juro de longo prazo, que é reajustada de três em três meses), vai ser o ano inteiro assim. Os negócios reduzirão 50%, 60% - diz Bier, em relação aos financiamentos do Finame Agrícola, cujas regras foram recentemente modificadas.
Há a linha Moderfrota, de juro fixo, mas a preocupação das indústrias, como se viu na Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), é com a disponibilidade e o volume de recursos existentes para esse tipo de financiamento. A garantia de que não faltará crédito é fundamental, também, para o bom ritmo de vendas da Expodireto-Cotrijal, que será realizada no próximo mês.
Apontada como um caminho a ser perseguido pelas fabricantes para preencher o vácuo deixado no mercado interno, a exportação igualmente enfrentou baixas em janeiro. Reconquistar antigos - e novos - compradores exige tempo.
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