O Brasil não corre risco de desabastecimento de arroz. As garantias de que há produto suficiente para atender à demanda vêm da Câmara Setorial do grão, que se reuniu nesta quinta-feira, em Alegrete, na Fronteira Oeste, onde ocorre a abertura oficial da colheita. O argumento de que pode faltar produto tem sido usado para sustentar a especulação de que talvez seja necessário pesar a mão na importação, além do usual - entre 500 mil toneladas e 800 mil toneladas por ano.
- O abastecimento está garantido - afirma Francisco Schardong, presidente da Câmara Setorial e da Comissão de Arroz da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é de redução de 15,1% na produção gaúcha - será 1,3 milhão de toneladas a menos do que o esperado no início do ciclo, somando 7,4 milhões de toneladas. O Estado é o grande protagonista, respondendo por mais de 60% da colheita nacional. O consumo no RS é de cerca de 1,3 milhão de toneladas. Ou seja: mesmo com redução na colheita há excedente, que precisa ser direcionado a outros Estados.
- O que ameaça o abastecimento não é a frustração de safra, é o agricultor frustrado. O volume produzido pelo país mais o importado normalmente é suficiente - opina Tiago Barata, diretor comercial do Irga.
A desmotivação vem do desequilíbrio das contas. Custos em alta achatam a renda. No atual cenário, o arrozeiro mal consegue empatar gastos e rendimentos. Com a redução na colheita, a diferença entre o investido e o recebido se acentua.
E se as perdas impostas pelo clima não afetarão o fornecimento, o mesmo não se pode dizer dos preços do produto no varejo. A combinação de custos em alta, oferta reduzida e influência do câmbio no arroz que vem de fora deve deixar o ingrediente de um dos principais pratos brasileiros mais caro.
- É muito provável que haja valorização. Mas em nenhum lugar do mundo o arroz é tão barato quanto no Brasil - argumenta Barata.