Com dados consolidados das perdas causadas às lavouras de arroz no Estado pelo mau tempo, representantes de entidades, parlamentares e o secretário da Agricultura, Ernani Polo, voltam a conversar, nesta quinta-feira, com o secretário de Política Agrícola, André Nassar, em Brasília.
Nassar esteve no Rio Grande do Sul no início de janeiro e pôde ver de perto os estragos das enchentes em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, e em Santa Maria, na Região Central. Na ocasião, se comprometeu com a liberação de recursos para o pré-custeio e para a comercialização do grão. Os dois mecanismos estão andando bem, na avaliação de Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros (Federarroz-RS). Para pré-custeio, foram liberados R$ 10 bilhões para todo país, dos quais cerca de R$ 2 bilhões devem ser absorvidos no Estado.
Mais da metade da área plantada com arroz na região central tem colheita incerta
Há outro ponto, no entanto, ainda aguardado pelos produtores. A proposta seria abrir uma linha de crédito, com prazo de oito a 10 anos para pagar, a arrozeiros impactados pelas cheias.
- Seria uma maneira de mantê-los na atividade - argumenta Dornelles.
Um eventual anúncio poderia sair na 26ª Abertura Oficial da Colheita, marcada para a próxima semana, embora a Federarroz não conte com isso, porque a liberação de financiamento precisa, necessariamente, passar por outros ministérios - como o da Fazenda.
Há uma sinalização de que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, venha ao Estado na próxima semana, embora a agenda ainda não esteja confirmada pela pasta. Ela aproveitaria para circular pelos pavilhões da Festa da Uva, que abre no dia 18 em Caxias do Sul, na Serra, e pela colheita do arroz em Alegrete, na Fronteira Oeste, no dia 20. Se de fato vier, é bastante provável que queira trazer boas notícias.
A área alagada pelas enchentes chegou a 14% do total cultivado com arroz no Estado, com 3,6% perdida. Na tentativa de não ficar somente com o prejuízo, muitos produtores decidiram fazer o replantio por conta e risco, ainda que fora da janela recomendada. Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostram que 12,38 mil hectares foram semeados nessas condições. Na Fronteira Oeste, foram replantados 4,83 mil hectares. Na Depressão Central, foram 4,49 mil hectares.
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