Sem sucesso em negociações, credoras da cooperativa Cotrijui, com sede em Ijuí, têm recorrido à Justiça para tentar garantir o pagamento das dívidas. A BSBios, de Passo Fundo, solicitou a adjudicação - na prática, a propriedade - de 10 unidades armazenadoras dadas como garantia. A empresa tem para mais de R$ 35 milhões, em valores atualizados, para receber. Conforme o presidente da BSBios, Erasmo Battistella, a dívida foi contraída em 2012 e, "durante quase um ano inteiro, houve tentativa de negociação da companhia com a cooperativa".
Sem avanço, a indústria entrou com uma ação na Justiça. Teve o pedido aceito. A Cotrijui recorreu e, no momento, há um efeito suspensivo da decisão.
- Estamos prontos para atuar nessas unidades, inclusive com gente contratada. Se o timing da Justiça permitir, temos condições de operar ainda nesta safra - afirma Battistella.
A multinacional Chinatex, que tem cerca de R$ 45 milhões em crédito, também recorreu ao Judiciário. Desde novembro, há uma determinação para que 10% do faturamento da Redecop (a rede de supermercados da cooperativa) seja penhorado. Os advogados da Cotrijui entraram com recurso.
- Estamos tomando as medidas cabíveis. Nada disso está fora do contexto de administração de um passivo. É importante ressaltar, no entanto, que a condição de armazém geral segue mantida - ressalta o advogado Leonardo Lamachia.
Essa condição garante ao produtor rural a propriedade dos grãos que são depositados nos armazéns da cooperativa.
Com dívida acumulada de R$ 1,3 bilhão, a Cotrijui está em liquidação voluntária, com a continuidade de negócios desde novembro de 2014. Com o regime, execuções de cobrança ficam suspensas - como as de financiamentos com o BNDES, no valor de R$ 65 milhões.
No caso da BSBios, no entanto, a garantidora da dívida é a subsidiária Cotriexport. Com a Chinatex, houve o reconhecimento da Justiça da responsabilidade da subsidiária Redecop também pelas dívidas da Cotrijui.