É nas vendas para países vizinhos e da América Latina que a indústria de máquinas agrícolas do Rio Grande do Sul, responsável por 65% da produção nacional, deposita as esperanças de voltar a fazer bons negócios em 2016. Projeção da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgada nesta quarta-feira é de que os negócios com o mercado externo cresçam 7%, enquanto internamente devem ficar na casa de 2%, praticamente sem sair do lugar.
O simples fato de não andar para trás pode ser encarado como algo positivo diante do cenário atual. Números consolidados de 2015 mostram que o tombo no setor foi grande: redução de 34,5% nas vendas, de 32,8% na produção e de 27,2% nos embarques para outros países. No Estado, o recuo na comercialização não foi muito diferente: fechou em 33%. Como resultado direto, milhares de vagas de emprego ficaram pelo caminho. E ainda que os prognósticos sejam menos duros para o atual ano, novos cortes não estão descartados.
- A indústria, principalmente a do Rio Grande do Sul, vai se voltar à exportação. Em função da queda nos negócios, as empresas já estavam se voltando mais à exportação - afirma Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
E a maior expectativa vem das possibilidades de retomar os laços perdidos com os hermanos. A mudança de governo na Argentina se transformou em combustível para fazer as máquinas feitas no Brasil rodarem pelo país vizinho, que já respondeu no passado por fatia de 20% das vendas externas do Estado.
- Sem as taxações de exportações (no trigo e no milho), o agricultor terá mais dinheiro para investir - opina Bier, para quem um percentual de 10% até o final do ano seria "um excelente negócio".
Há que se trabalhar com a hipótese não tão improvável, diante da desvalorização da moeda argentina, que segue corroendo o poder de compra dos hermanos, de que esse efeito da reabertura não ocorra tão rápido a ponto de fazer diferença nos resultados ao longo do ano.
Outros destinos estão no radar. Colômbia, Peru e Paraguai também podem ampliar as compras. Claro, que a cadeira brasileira não ficou livre enquanto as empresas voltaram as atenções ao mercado doméstico. Será preciso recuperar o espaço perdido para outros países.
Dentro do casa, a preocupação vem das linhas de financiamento. As mudanças no Finame Agrícola, que ficou atrelado às taxas de juro de longo prazo (TJLP) preocupam porque, apesar do Moderfrota seguir com juro fixo, a liberação do dinheiro costuma ser a conta-gotas.