O mercado externo terá um papel ainda mais importante na equação das vendas do arroz produzido no Rio Grande do Sul. Dentro de casa, o escoamento enfrenta concorrência considerada desigual devido à guerra fiscal.
Essencialmente comprador - a produção é ínfima -, São Paulo isentou a alíquota do ICMS. Ou seja, no momento da entrada do produto nesse destino, o imposto é zero.
O problema para o arroz do RS é que na sua origem (ou seja, na saída) é cobrada a tarifa de 7,7% - paga pela indústria que vende.
O complicador está no fato de o cereal importado não pagar nem na origem, nem no destino. Na prática, isso quer dizer que ficou mais barato para os paulistas comprar o produto paraguaio, por exemplo, do que o gaúcho. A fórmula se repete em Minas Gerais, que reduziu pela metade o percentual comprado do Rio Grande do Sul.
- A guerra fiscal está tributando o produto brasileiro - avalia Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz).
Embora o volume vendido pelo Paraguai não seja significativo, é o "efeito de mercado" que preocupa. Tanto que o assunto estará à mesa de audiência pública do Senado no dia 19 do próximo mês, durante a 26ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Alegrete.
A sugestão da Federarroz é de que se trabalhe com regulação ou isonomia de ICMS para itens da cesta básica.
Ao mesmo tempo, o setor busca ampliar as opções fora de casa. Acertar as negociações com a Nigéria, que prometeu zerar a taxação, mas vai e volta na tarifa cobrada, é uma das ações. Destravar os embarques para o México, afirma Tiago Barata, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz, é outra. O órgão busca ainda novas rotas de embarque, além do porto de Rio Grande. No ano passado, 10% da produção nacional - 68% vinda do RS - foi exportada. Nem toda demanda foi atendida devido aos gargalos logísticos. Imbituba (SC) poderá entrar no mapa dos gaúchos.