Mesmo com os recordes do dólar, o preço dos combustíveis no Brasil tem se mantido estável, em patamares bem inferiores do que há três anos, por exemplo. Não há sinal de que a Petrobras mexerá nos valores das refinarias estatais no atual cenário, nem alterações previstas nas refinarias privadas.
Mas o dólar não é uma das principais influências na decisão da petrolífera? Sim, mas a outra é o petróleo, que tem se mantido em patamar baixo. Hoje, por exemplo, está na casa dos US$ 70, o que é aproximadamente a metade do preço do barril quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.
Os conflitos no Oriente Médio até dão alguns sustos, como quando o Irã, que é produtor de petróleo, e Israel realizaram ataques mútuos. Agora, a crise na Síria também não deve provocar aumento da commodity, pois sua capacidade de produção caiu a um décimo na última década, derrubada pela guerra civil no país.
O principal motivo para o petróleo manter-se baixo é a previsão de consumo menor, especialmente pela desaceleração da economia da China, a segunda maior do mundo. Além do país asiático, os Estados Unidos, que são a maior economia, ainda geram eventuais especulações sobre uma recessão.
Ou seja, se o dólar não estivesse subindo, o preço da gasolina, do diesel, do gás e de outros derivados de petróleo estaria até caindo para o consumidor. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro da gasolina comum está custando, em média, R$ 6,04 no Rio Grande do Sul. Em novembro de 2021, chegou a R$ 7,10. Já o diesel está em R$ 6,04 agora, mas atingiu R$ 7,40 em julho de 2022.
Em tempo, se os combustíveis estivessem subindo, a vida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estaria bem mais tumultuada. A inflação estaria pressionando muito mais o juro e exigindo um corte de gastos rápido e convincente.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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