Após o dólar bater recordes em reação ao pacote de gastos do governo federal e fechar a R$ 6 na sexta-feira (29), fazê-lo recuar seria simples, mas não é fácil e é improvável no curtíssimo prazo, salvo pequenos ajustes, mas estamos falando de uma redução da cotação de forma substancial. Seria simples porque não é mistério o que faria a moeda norte-americana cair. Porém, são medidas difíceis nos cenários em que se situam e com os personagens que envolvem, sem falar em efeitos colaterais.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, diz que o dólar vai cair quando o mercado entender a proposta do governo. Afirmou que a equipe econômica irá dialogar com o setor. Qual a dificuldade aqui? Os investidores têm receio histórico e permanente com a política de gastos do governo Lula, que não costuma ter uma conversa muito eficiente de convencimento para que seus dólares sejam mantidos aqui tranquilamente. Qualquer espirro, há fuga de investimento estrangeiro.
Resistências e mudanças no projeto no Congresso também podem aliviar a pressão sobre o dólar. O trâmite, porém, está previsto para ocorrer ao longo de 2025. Então, talvez os efeitos se diluam ao longo dos meses e dependerão de outros fatores econômicos.
Pela pressão inflacionária, já se aposta que o Banco Central vá pesar a mão na taxa de juro Selic. Isso tem realmente efeito sobre o dólar. Deixar o juro brasileiro ainda mais alto do que o norte-americano atrai investidores em busca de rentabilidade, embora o risco seja maior aqui. Aperto de política monetária, porém, é remédio amargo, com efeito colateral de crédito mais caro, queda de investimento, inibição de consumo e retração econômica.
Outro fator que poderia amenizar o dólar vem dos Estados Unidos, mas sem ingerência alguma do governo brasileiro. Seria o presidente eleito, Donald Trump, não aplicar todas suas promessas de campanha - como sobretaxa a importados e redução de impostos -, que têm pressão inflacionária por lá e fariam o Federal Reserve (FED, banco central norte-americano) parar de cortar o juro e talvez até a elevá-lo.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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