Empresa japonesa, a Shizen já tem pedidos de licença ambiental para projetos bilionários de geração de energia eólica offshore no Rio Grande do Sul, ou seja, com aerogeradores em água. Ainda não é permitida a instalação, mas a companhia, assim como outras, aguarda uma resolução do assunto para breve. É preciso de aprovação do marco regulatório no Congresso e regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A coluna entrevistou em Tóquio, no Japão, a gerente de Negócios da Shizen Energy no Brasil, Edisiene Correia, que recebeu a comitiva gaúcha, liderada pelo governador Eduardo Leite.
Quais os entraves para os projetos saírem do papel?
O principal é a questão regulatória. Estamos falando de projetos de US$ 9 bilhões cada. Nós submetemos (pedir licença ambiental) quatro, o que não quer dizer que todos serão desenvolvidos. Começaram a ser desenvolvidos ainda no governo Bolsonaro, na primeira regulação em janeiro de 2022. Escolhemos as possíveis áreas para desenvolvimento eólico offshore a partir de um mapa lançado pelo Banco Mundial. Aguardamos a regulação, pedimos ao governo para estudar essas áreas, avaliar o solo marinho.
Há chance de os quatro projetos saírem no Rio Grande do Sul, com US$ 36 bilhões de investimento?
Sim. Depende de como serão os leilões do solo marinho pelo governo. A estratégia da Shizen foi não ter áreas sobrepostas, ou seja, sem outro interessado. Pela regulação inicial do offshore, não precisaria entrar em licitação. Só que o governo (federal) está querendo mudar o jogo. Então, hoje, não sabemos se vale para a área que submetemos ao Ibama. Então, paramos o desenvolvimento por conta das incertezas. Nossos projetos são na frente do porto de Rio Grande, que seria grande parceiro.
Quais seriam os passos seguintes?
Projeto offshore é a longo prazo. O interessante é que cada giga de projeto implica, pelos dados da Inglaterra, na geração de 15 mil empregos diretos. Você multiplica esse número por 2,7 para ter a quantidade de empregos indiretos. Os nossos têm três gigas. Para avaliação da condição do vento e ambiental demora, no mínimo, quatro anos. Se tivermos regulação aprovada neste ano, nossos projetos começariam a operar em 2030, mas estamos trabalhando com 2032.
De onde viria o dinheiro?
Não poderia ser do BNDES, porque o volume é muito grande. Nós temos contato com fundos de investimento que estão de olho nesses projetos, aguardando a regulação final.
Entrariam no mercado de hidrogênio verde?
Começamos a estudar. Estivemos no Rio Grande do Sul com nosso grupo de engenharia daqui do Japão. Há possibilidade de desenvolvermos hidrogênio ou amônia verde.
A coluna fará a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV. Acompanhe aqui o que é publicado em GZH.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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