No cargo há menos de três meses, o presidente do Grupo Imec, Fabiano Pivotto, falou ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, sobre a estreia no Litoral da rede de supermercados e atacarejos com sede em Lajeado, da recuperação após o impacto das enchentes em várias das suas lojas e, claro, dos planos para 2025.
Como é a estratégia de entrar no Litoral, que está ocorrendo pela reforma de supermercados Nacional comprados do Carrefour?
Tínhamos o desejo de estar no Litoral há bastante tempo e o Carrefour tem feito esse movimento de venda de alguns pontos. Inclusive, sou egresso do Carrefour e já conhecia esses prédios do Nacional. Acabou sendo uma negociação que fez sentido para ambas as partes. Já estamos em 22 cidades. O Litoral tem crescido e fazia falta para nós. Vamos levar a nossa qualidade para o cliente da região.
Há a intenção de comprar mais lojas do Carrefour?
Estamos sempre avaliando oportunidades. Não descartamos nenhuma loja que está à venda nem mesmo cidades que estão disponíveis para nossa entrada. É sempre uma conta que precisa ser feita, em termos de potencial e custos. Estamos em época de agitação econômica, o que exige rigor maior na análise.
O Imec é do Vale do Taquari, atingido por enchentes em 2023 e 2024, como está a recuperação?
Aumentamos o rigor de análise dos locais que são possíveis de alagamento. Acho que todas empresas aumentaram essa atenção. Tivemos diversas lojas atingidas de alguma forma, duas delas com mais violência, em Porto Alegre e em Encantado, que ficou totalmente submersa. Tivemos que reconstruir. Uma delas pela terceira vez praticamente. Nossa empresa tem sido resiliente e traz o DNA da cooperação. Ajudou comunidades e funcionários.
Quais os planos para 2025?
Fecharemos 2024 com 31 lojas. Inauguramos um novo Desco em Lajeado, um atacado moderno, com ponto de recarga de carro elétrico e outros confortos. Temos duas indústrias, um engenho de arroz e uma panificação. Lançamos duas marcas e teremos uma centena de produtos novos no ano que vem. É um plano de diferenciação. Qualidade de produto com custo menor. Estamos com 4 mil funcionários. Vamos seguir a expansão com modelo de atacarejo, com um modelo que não é uma loja gigante nem pequena. Devemos procurar por três lojas no ano que vem, talvez mais, a depender do que surgir. Estamos olhando Grande Porto Alegre e Interior. Estamos olhando regiões nas quais não estamos, como a Central.
O grupo vem estudando qual o novo papel do supermercado com o avanço dos atacarejos. Em que pé está esta análise?
Concluímos. Trago comigo uma experiência por ter vivido todas as fases do varejo, da ascensão do hipermercado e a desidratação para o aumento da quantidade de atacados. O supermercado sempre ficou nessa "rua marginal", porque é diferente do atacado e do hipermercado, que acabaram competindo e tomando o lugar um do outro. O supermercado ficou nessa confusão, nessa transformação. Precisamos refletir o que é o supermercado, um canal de sortimento mais profundo, de atender mais conceitualmente clientes que buscam por momentos. Quando você vai comprar em supermercado, provavelmente fará uma receita em casa ou busca um item específico, com mais praticidade, fracionamento de perecíveis ou qualidade mais profunda. O atacado tem buscado atender toda a população, mas é sempre voltado a motivos, como preços e não sortimento ou fracionamento. Então, em alguns serviços e fracionamentos, nem o hipermercado atendeu como o supermercado, que, para mim, tem que voltar à sua proposta básica. Já redesenhamos coisas dentro das lojas e temos experimentado um circuito de compra muito mais confortável.
E dólar?
Alto desse jeito coloca uma pressão ferrenha nos custos de construção. Também os juros complicam alguns investimentos. Estamos fazendo as contas dos investimentos. Então, estamos ainda na fase de contas do que nós vamos fazer e o que vamos investir. E o dólar impacta direto os produtos na indústria. É papel do varejo tentar segurar ao máximo esse preço para o consumidor, mas é fato de que esse cenário coloca uma pressão no insumo e no preço final.
Em breve, confira aqui na coluna o vídeo na íntegra da entrevista.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: parques eólicos, fábrica de biodiesel, retomada da Coca-Cola e prédios junto a casas históricas
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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