Costurado há mais de duas décadas, o acordo entre Mercosul e União Europeia vem no meio de uma onda de protecionismo. Não é coincidência, claro. Já se falava em "desglobalização", revertendo o processo que fez produtos diferentes e preços tornarem-se mais acessíveis às empresas e, por consequência, à população nos últimos anos.
Eleito para voltar à Casa Branca, Donald Trump tem entre suas principais promessas sobretaxar importados. Reforçou ainda mais a ameaça há uma semana, dizendo que aplicará tarifas de 100% para países do Brics, caso criem uma moeda alternativa ao dólar.
Na própria União Europeia, governos sofrem pressão de agricultores para barrarem importações. Recentemente, o executivo do francês Carrefour chegou a dizer que não compraria mais carne do Brasil.
A guerra entre Rússia e Ucrânia também provocou uma leva de retaliações. A principal foi o corte no fornecimento de gás russo à Europa, pisando no calo europeu da dependência de energia, que o Brasil tem aos montes e ainda é renovável.
Antes ainda, na pandemia, a dependência mundial da China provocou falta de insumos e alta de preços, quando os portos asiáticos eram fechados pela política de covid zero. Agora, a China reage às ameaças de Trump com colocações como: "o Ocidente precisa saber que os chineses ajudaram os países a crescerem e que medidas protecionistas farão os custos das empresas crescerem."
Porém, a China pode sentir a concorrência com os produtos europeus aqui e com o brasileiros na União Europeia. É competitiva em preço, mas talvez não em tecnologia, logística e cultura.
Assista também ao programa Seu Dinheiro Vale Mais, de GZH. Episódio desta semana: O que está fazendo o dólar bater recordes e o que o faria cair?
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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