Mesmo com alguns dias de chuva, comerciantes do Centro Histórico passaram a semana fazendo limpeza. A coluna acompanhou o trabalho na Rua Voluntários da Pátria, uma das vias mais movimentadas da região e conhecida pelas lojas de roupas. Após a enchente, o fluxo pedestres deu lugar a caminhões que carregavam o lixo retirado dos estabelecimentos.
— Fomos um dos primeiros a alagar e os últimos a conseguir a entrar na loja. A água voltou a subir com chuva depois. É desanimador. Perdi tudo que construí durante mais de 20 anos. Será que vale a pena tentar de novo aqui? — se questiona Issa Hasan, dono da Ofertão, que vende roupas para homens, mulheres e crianças.
O barulho dos geradores de energia toma conta das ruas, pois a luz ainda não voltou em várias delas. Alguns lojistas tentam vender o que conseguiram salvar, como Jawad Salah, da loja Gurizada, que está no local há 20 anos.
— Perdi tudo. De roupas, foram R$ 400 mil. Trocamos os móveis, mas ainda tem coisa para fazer. Não pretendo sair daqui, mas já sei de dois (outros comerciantes) que entregaram as chaves — diz.
Ainda no ano passado, a coluna registrou a queixa do comerciante Rafael Bravo, da Bravo Kids, sobre as poças que se formavam na rua em fortes dias de chuva. Com o alagamento de agora, a rua chegou a ficar com 1,40 metro de água.
— Não perdi só o estoque. Os móveis já eram, até o azulejo saiu do lugar. Tudo será refeito. Só vou folgar quando me reerguer — diz Bravo.
Na Rua dos Andradas, a Poa Fashion, também de roupas, a água não entrou pelo portão, mas veio pela rede de esgoto. A gerente Deise Soares diz que todo o estoque da coleção de inverno, comprado de uma só vez, foi perdido.
— Algumas roupas não chegaram a molhar, mas mofaram pelo tempo fechado. Se criou um "pelo branco". Nunca tinha visto isso. (...) Ainda não contamos o prejuízo, pois não há psicológico — lamenta ela, que funcionava com gerador e tentava vender as roupas que ficaram no segundo andar. — Estamos sem recursos. Temos que pagar funcionários e nem temos como comprar a coleção de verão. Não sabemos se vamos continuar ou fechar — diz.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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