Necessária em todo e qualquer momento da vida, a educação financeira é ainda mais essencial em momentos de crise. Desde o momento em que se dimensionou o impacto econômico da enchente no Rio Grande do Sul, medidas passaram a surgir. Entre elas, estão as que permitem a suspensão de dívidas, desde meros empréstimos consignados com desconto na folha de pagamento a financiamentos imobiliários.
Realmente, é tentador empurrar lá para a frente aquela prestação que "come" boa parte do salário do mês. Se você não terá como pagar porque foi muito prejudicado pela tragédia, realmente é uma opção a adotar. Os encargos de ficar inadimplente certamente serão maiores.
Agora, atenção: quem tem condição de pagar as parcelas, não deve interromper o pagamento. É bem provável que o juro siga incidindo durante a suspensão, aumentando o valor total da dívida. É difícil a instituição financeira isentá-lo, mesmo no caso de bancos tradicionalmente usados para políticas públicas em tempos difíceis.
Também é preciso considerar para onde vai esse valor que não será pago por alguns meses. Ele entrará nas parcelas imediatamente seguintes? Se sim, terá condição de pagá-las neste prazo ou corre o risco de ficar inadimplente também? Será amortizado de todas as restantes? Ou a dívida será prolongada? Dívida mais longa, é mais tempo com juro incidindo sobre juro. O desembolso, portanto, vai aumentando.
ENTREVISTA
Planejadora financeira Leticia Camargo
Ao buscar informação sobre suspensão da dívida, o que perguntar ao gerente ou buscar na letra miúda do contrato?
Importante saber se terá alguma cobrança de taxa ou até mesmo multa. Não é o adequado porque estamos falando de medidas para ajudar pessoas atingidas por uma tragédia, mas na dúvida é importante se certificar. Isso aumenta a dívida. Também é importante saber para onde vão essas parcelas não pagas.
Se for dada a opção de pagar diluí-las nas parcelas que faltarão ou aumentar o prazo do empréstimo, qual escolher?
Certamente pagar no menor prazo possível para ter menos juro, desde que, claro, tenha condição de pagar uma prestação um pouco maior quando elas voltarem a ser cobradas. Financiamento maior fica mais caro.
E amortizá-lo sempre é uma boa pedida?
Sim, se o juro deixar de ser cobrado porque se pagou antes. E não precisa só tentar quitar tudo antes. Se conseguir adiantar algumas parcelas, já ajuda.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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