Empresa gaúcha com uma operação gigante no turismo, a Gramado Parks tem muito a contribuir na reflexão sobre o setor na Região das Hortênsias. O cenário de baixa de visitantes e alta de preços entra na reestruturação do grupo, que conseguiu, há poucos dias, aprovar com credores seu plano de recuperação judicial. À coluna, o CEO Ronaldo Beber, trazido à gestão para conduzir o processo todo, defendeu um debate maduro.
— Gramado é dos gaúchos, eu sou gaúcho e sei que precisamos que as empresas tenham um debate maduro para não deixar acontecer o que ocorreu em outros lugares, como Campos do Jordão (SP). Há épocas em que o preço é maior porque vêm turistas de fora, mas, no período de baixa temporada, precisa ter valores menores para o gaúcho — disse, confirmando que a Gramado Parks percebeu há algum tempo a retração no turismo na região e identificou o peso do preço da alimentação nisso. — Já ouvimos que os preços ficaram fora do racional.
A estratégia do grupo é interessante. Como a Gramado Parks tem restaurantes dentro dos seus hotéis, aproveitará para oferecer refeições mais acessíveis. Também lançará passaporte anual para o Acquamotion, parque fechado de piscinas no qual os gaúchos são 60% do público.
— Teremos hospedagem, passeios e gastronomia mais em conta — ressalta o executivo.
Reestruturação
Com a aprovação do plano de recuperação judicial, está mantido o cronograma de obras de dois empreendimentos: o Namareh Carneiros, em Pernambuco, e o Hydros Gramado, na serra gaúcha. Com centenas de milhões de reais, a construção de ambos será iniciada na metade de 2024 com término em 2025. Aliás, o CEO Ronaldo Beber diz que a aposta no turista do Rio Grande do Sul levou a um ajuste no projeto do Hydros, reduzindo o período de uso da multipropriedade para contemplar clientes gaúchos.
— Em março agora, por exemplo, os turistas regionais representaram 39% do público da Gramado Parks. Os gaúchos, sozinhos, são a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina! — destaca Beber.
Aposta no negócio
Na visão do CEO da Gramado Parks, uma das maiores conquistas da recuperação judicial foi já ter alcançado R$ 80 milhões em capitalização pelos credores, ou seja, eles tornaram-se sócios da empresa em troca do valor da dívida. A adesão, de fornecedores a ex-sócios que voltaram, representa 25% do endividamento e surpreendeu o executivo. O processo de recuperação judicial é conduzido pelo escritório MSC Advogados e a Tarvos Partners.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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