Os preços de Gramado — que acabam respingando em Canela — voltaram à pauta das mensagens dos leitores após a coluna deste domingo que trouxe a preocupação do setor hoteleiro e das operadoras de turismo com a baixa nas reservas. Os relatos apontam, na maioria, para o alto custo para comer em restaurantes e comprar comida em supermercados. Outros tantos falam das atrações turísticas e alguns ainda citam hospedagem, mas bem menos do que antes.
O aumento na quantidade de leitos provocou o que o próprio setor hoteleiro chama de super oferta, trazendo maior concorrência de preços. As atrações turísticas também estão com mais promoções, o que começou ainda no final de 2022, quando a queda no movimento no Natal Luz acendeu um alerta. A alimentação passará por debate semelhante.
Quando tem quem pague, o preço é alto pela lei mais seguida no mercado: a da oferta e da procura. Salvo localidades que querem manter um propósito diferente, regiões turísticas sonham em atrair visitantes de fora com grande poder aquisitivo, como Gramado e Canela, e como Cambará do Sul com a concessão dos cânions.
— Para um porto-alegrense que gastou R$ 100 de gasolina e duas horas de viagem para chegar com duas, três ou quatro pessoas, um ingresso custando mais de R$ 100 representa muito em seu gráfico de gastos. Para um paulista, que gastou entre R$ 3 mil e R$ 10 mil para o mesmo tamanho de grupo e chegou em quatro horas, este valor dói muito menos — analisa o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio Grande do Sul (ABIH RS), José Justo. — Estamos quebrando a cabeça para corrigir isso, também achamos que são anomalias que podem criar um ambiente hostil. Lembre que Região Metropolitana e interior gaúcho representam mais de um terço do gasto em Gramado. Não pode parecer que a cidade está explorando os gaúchos.
Importantíssimo no debate: até que ponto pode-se relegar o turista recorrente? Ele é o gaúcho que até pode não gastar tanto, mas que vai com mais frequência e, em geral, em maior número. Atrair visitantes de fora é importante, mas o planejamento das cidades precisa incluir passeios que caibam no bolso do turista local para não afastá-lo.
A coluna está provocando autoridades e especialistas locais sobre ter preço menor para gaúchos, como é feito, por exemplo, no Rio de Janeiro e no Mato Grosso Sul. Por enquanto, não há nada ainda de concreto.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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