O jornalista Paulo Rocha colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
A produção de vinho gaúcho será menor este ano, mas ainda não se sabe ainda quanto. É uma consequência natural da redução na produção de uva. A estimativa chega a uma queda de até 50% no cultivo da fruta entre alguns produtores. E como fica o vinho na gôndola? A produção menor de uva deve ser sentido mais entre os vinhos de mesa e suco. Já entre vinhos finos isso deve ser menor.
— Tenho um produto que estou colhendo esse ano, vou vinificar mas vai para o mercado só daqui dois anos. Então não vou sentir o impacto. Mas é preciso regular os estoques para eu não ter produção baixa lá adiante — explica Daniel Panizzi, presidente da União Brasileira De Vitivinicultura (Uvibra).
O entendimento é o mesmo entre os supermercados. Mas a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) evita falar em preços.
— Vinho não vai ser afetado no preço porque tem uma elaboração diferenciada. Já o suco de uva, se subir muito, o consumidor parte para outro sabor — diz o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
Nos parreirais, a colheita da uva começou pelas variedades precoces voltadas a espumantes, como a chardonnay e o pinot noir. Se o clima estabilizar nos próximos três meses, é possível que a qualidade dos vinhos mantenha o nível alcançado desde 2020.
A atual safra sofre impactos que datam de 2022, ano em que geadas tardias afetaram a fertilidade das videiras e o número de cachos futuros. Somaram-se a isso, este ano, menos dias de frio no inverno e a chuva na primavera.
— Não é um cenário inédito, mas é um ano adverso determinado pelo El Niño. Eu diria que teremos uma média de 35% de perdas — avalia Henrique Pessoa dos Santos, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.
Na safra 2023, conforme dados da Secretaria Estadual da Agricultura, a produção de vinhos finos somou 46,2 milhões de litros. Os vinhos de mesa totalizaram 169,7 milhões de litros, enquanto os espumantes chegaram a 13,7 milhões de litros. Já a produção de uvas somou 664,9 mil toneladas.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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