A boa notícia é que, após quatro meses em queda, o endividamento entre moradores de Porto Alegre fechou 2023 em 88,7%, o menor patamar em dois anos. Com isso, o indicador da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) voltou ao nível de dezembro de 2021.
A má notícia é que a inadimplência está bem maior. Apesar de ter recuado na finaleira do ano passado, ela está muito maior do que há dois anos. A fatia de famílias com contas atrasadas ficou em 39,5% em dezembro último, bem acima dos 26,8% do mesmo mês de 2021.
Alguns pontos precisam ser esclarecidos para entender o contexto destes dados e, por consequência, as finanças dos consumidores gaúchos. O primeiro é que endividamento não quer dizer inadimplência. A pessoa pode ter dívidas com cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestações de carro, mas não atrasar o pagamento.
Sobre a inadimplência resistente em patamar alto, a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, lembra que as famílias vêm de um período de inflação alta, quando assumiram dívidas para pagar contas básicas de todos os meses, como luz, gás e até supermercado. Ainda assim, ela percebe que as dívidas estão mais planejadas, o que pode reduzir mais a inadimplência nos próximos meses.
— O tempo de atraso tem se reduzido e o indicador de persistência da inadimplência também segue em patamares baixos — observa.
Neste cenário e mesmo com a redução dos juros, a coluna lembra de uma frase que educadores financeiros costumam dizer: "A inadimplência sobe de elevador e desce de escada."
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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