Dois motivos fizeram o dólar cair um bocado (-1,54%) nessa sexta-feira (3), fechando em R$ 4,89, sendo que, há pouco tempo, estava navegando acima dos R$ 5. Foi a menor cotação em mais de 40 dias. A principal causa foi a criação de menos vagas de trabalho com carteira assinada do que o projetado lá nos Estados Unidos.
Mas qual a ligação disso com a moeda aqui no Brasil? O mercado de trabalho aquecido pressiona inflação para cima. O contrário, portanto, sinaliza impacto menor de alta de preços, exigindo menos pulso forte da política monetária, que se aplica via juro. Portanto, afasta a possibilidade de o banco central norte-americano, o Federal Reserve (FED), volte a aumentar sua taxa básica.
Um dos efeitos disso é atrair menos dólares, que ficam em outros mercados com juro maior, ou seja, mais rentabilidade. Um deles é o Brasil. Mais dólares aqui, mais valorização do real.
O outro fator é a repercussão ainda do comunicado do Banco Central na quarta-feira (31), divulgado após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a taxa de juro em 0,5 ponto percentual. O texto apontou que os cortes seguirão nesta magnitude, o que afasta a hipótese de uma redução maior, o que diminuiria esta atração de dólares ao Brasil referida antes pela coluna. Juro alto é como ímã de investimentos e, portanto, de dólares.
De pressões contrárias, temos o risco de irresponsabilidade fiscal no Brasil, a alta do petróleo com a guerra no Oriente Médio e o efeito do El Niño sobre os preços dos alimentos. Acompanhemos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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