Se a tecnologia passou a ser mais usada ainda na pandemia pela medicina, isso se potencializa com a inteligência artificial (IA). As pesquisas mais recentes focam em eliminar atividades repetitivas, como emissão de relatórios e laudos médicos. Análise de raio X de tórax, por exemplo, conseguem detectar precocemente se há sequela de doenças respiratórias ou, ainda, exames de coração que verificam probabilidade de infarto.
— Claro que precisa ter uma análise médica final, mas a ideia é otimizar recurso e tempo — explicou Cristiane Pimentel, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), durante painel na Futurecom 2023, evento de inovação que a coluna acompanhou em São Paulo. Este olhar do profissional evita possíveis interpretações erradas pela IA.
Na indústria
A indústria também está evoluindo com a IA, mas, diferentemente dos centros médicos, o trabalho é voltado a prevenção de problemas e manutenção de equipamentos. O setor usa o "machine learning", que permite a computadores identificarem padrões e fazer previsões, ou seja, eles "aprendem". Com isso, reduzem as paradas e os custos de manutenção.
— Você coloca sensores nas máquinas e, com o aprendizado a medida em que os problemas vão acontecendo, elas passam a emitir sinais para prevenir novos casos — exemplifica a professora Cristiane, que também integra o Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE).
Gêmeos digitais
Outro avanço destacado na Futurecom são os chamados "digital twins", que significam "gêmeos digitais". Eles recriam situações reais no meio digital, usando as simulações para operar um serviço. Com os dados, se identifica, por exemplo, o que é necessário para produzir, como quantidade de pessoas e matéria-prima.
— É duplicar para fazer a análise de algo a partir dos dados, sem necessariamente estar naquele ambiente. Você otimiza recursos quando aquilo acontecer — comenta.
Na indústria, o digital twin já é usado. Na medicina, porém, ainda está em teste. Cristiane conta que há um piloto para simular um centro de obstetrícia para partos, incluindo cesáreas.
— A ideia é, antes do procedimento, prever problemas que possam acontecer, projetando quantas pessoas deverão estar na sala, quais especialistas, material necessário e maquinário — pontua.
* A coluna viajou a São Paulo a convite do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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