Aliando economia circular, que é um sistema com mínimo desperdício de recursos, e preservação da biodiversidade, o projeto Amazônia 4.0 usa tecnologia para o extrativismo da Amazônia ser mais sustentável, protegendo a floresta, e rentável à comunidade local. A iniciativa projeta biofábricas para produzir chocolate do cacau-cupuaçu, promovendo cadeias produtivas em quatro comunidades locais no Pará. Foram criados Laboratórios Criativos da Amazônia (LCAs), que são quatro ocas móveis e itinerantes, instaladas por de três a quatro meses em cada localidade. A atividade é realizada com povos indígenas, ribeirinhos, mulheres e quilombolas. A expectativa é de que em dois anos consigam ter as unidades produtivas.
— Nosso propósito é a proteção da Amazônia, fortalecendo a economia local para proteger a floresta e mostrando a importância de preservá-la — explicou uma das pesquisadoras, a professora da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), Tereza Cristina Melo, durante a Futurecom, feira de tecnologia e inovação que a coluna acompanhou em São Paulo.
Tereza ressalta que o projeto une a proteção à biodiversidade com a ajuda financeira aos moradores da região, o que torna a proposta mais sustentável:
— Buscamos comunidades que já tenham conhecimento e contato com o cacau, para então ensinarmos a produzir o alimento. Queremos criar um produto com valor agregado, colhido e produzido ali, além de trazer recursos à comunidade local — detalha.
Por meio de tecnologias como blockchain e IoT, é possível rastrear a cadeia produtiva e distribuir melhor os ganhos. O plano é também chegar, no mesmo modelo, à cultura do açaí, fazendo ainda óleos gourmet, como de amêndoas, entre outros produtos. A iniciativa começou há dois anos e recebe apoio financeiro de organizações filantrópicas de várias regiões do mundo.
Laboratório Criativo de Genoma
Outro projeto apresentado na Futurecom é a criação de um banco de dados das espécies amazônicas, usando a sabedoria das comunidades locais. As informações ficariam catalogadas em uma rede de distribuição, a qual que seria acessada por empresas que pagariam royalties para uso em produtos. Os valores serão divididos com a população.
— A ideia é vender as informações para farmácias, produção de produtos de beleza e cosméticos — conta a pesquisadora Tereza.
* A coluna viajou a São Paulo a convite do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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