Ao menos por enquanto, não respingou no complexo gaúcho a turbulência nas fábricas da General Motors (GM) em São Paulo. No final de semana, foram demitidos por telegrama e e-mails centenas de trabalhadores de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes. Como resposta, os demais funcionários aprovaram nesta segunda-feira (23) proposta de greve por tempo indeterminado.
Tanto no documento enviado aos demitidos quanto em nota à coluna, a montadora justificou a redução do quadro de empregados alegando queda de vendas de carros no país e de exportações. Informou que, antes, chegou a tentar outras opções, como suspensão de contrato de trabalho, férias coletivas e um programa de demissão voluntária.
"Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro.", afirmou no texto, sem avaliar a forma como comunicou a demissão aos funcionários.
A coluna perguntou se a medida atingiria a operação de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. A montadora respondeu que o plano de restruturação abrange empregados das fábricas da GM em São Paulo. Portanto, a coluna entende que não. Foi o mesmo posicionamento dado ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari. Aqui no Rio Grande do Sul, é fabricado o modelo Ônix, que sente menos a queda das vendas.
Racha das montadoras
Em paralelo, a GM, junto com Toyota, Hyundai e Volkswagen, argumenta que o mercado brasileiro perderá mais competitividade se for prorrogado até 2032 o incentivo fiscal para montadoras do Nordeste, que termina no ano que vem. O maior beneficiado, o grupo Stellantis, dono das marcas Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep, rebate, dizendo que é mais caro produzir lá, onde tem fábrica em Pernambuco. Aliás, informou na semana passada que pretende produzir no local veículos híbridos e a etanol, combustível que nem todas montadoras gostam, mas que é visto com bons olhos pelo governo Lula.
Relembre:
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A articulação sobre o incentivo crescerá nos próximos dias, pois a ideia é colocar a prorrogação na reforma tributária no Senado. Tentou-se incluí-la na Câmara dos Deputados, mas não passou por um voto.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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