Giane Guerra

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Jornalista de Economia, apresentadora da Rádio Gaúcha e comentarista da RBS TV, traz notícias, comentários e dicas da macroeconomia às finanças pessoais.

Racha das montadoras
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Dono da Fiat rebate GM sobre extensão de incentivo fiscal: "É mais caro produzir no Nordeste"

Grupo Stellantis argumenta que o investimento na fábrica não foi compensado e fim do benefício comprometerá novos investimentos no país

Giane Guerra

Economia

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Stellantis / Divulgação
Fábrica da Stellantis em Goiana (PE)

No racha das montadoras, o Grupo Stellantis, dono das marcas Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep, rebate argumentos contra a prorrogação do incentivo fiscal a fábricas do Nordeste, pleiteada por emenda à reforma tributária. Em entrevista à coluna, o vice-presidente de Comunicação, Fabrício Biondo começou argumentando que o benefício visa desenvolver a região compensando custos locais, que fábricas em outros Estados não têm. 

— É mais caro produzir no Nordeste. Tem a logística de trazer peças e levar carros ao consumidor, a falta de tradição industrial que exige treinamento maior de mão de obra e dados, porque você sai da fábrica e não tem nem 3G — diz. 

Segundo ele, a fábrica não foi amortizada ainda, rebatendo o que disse o vice-presidente de Políticas Públicas e Comunicações da GM, Fábio Rua, em entrevista à coluna ao apontar concorrência desleal e assimetria tributária. Biondo afirma serem necessários 15 anos de maturação, e a unidade tem oito. Pelo cálculo da Stellatins, o benefício deve ir até 2030, quando pretende aumentar dos atuais 38 para 100 fornecedores instalados no entorno da fábrica de Goiana (PE). A emenda no Senado propõe levar o fim do incentivo de 2024 para 2032. 

— O incentivo não foi criado para Stellantis. É da década de 1990, enquanto começamos a pensar a fábrica em 2011. E não existe isso de colocar no preço — respondendo argumento de GM, Volkswagen, Toyota e Hyundai de que o carro do grupo chega 20% mais barato para venda devido ao crédito presumido do imposto. 

Biondo admite que a não prorrogação do incentivo compromete o plano de investimento da Stellantis no país, que garante ser maior do que os R$ 16 bilhões do período 2018 a 2025. A montadora e os fornecedores geram, atualmente, 60 mil empregos. Por outro lado, a GM afirmou à coluna que a extensão afetaria os seus aportes, o que poderia fazer o complexo gaúcho minguar em uma eletrificação da produção.

— Uma narrativa que está sendo usada para o prefeito e o governador para justificar uma decisão de negócio que vai minguar a fábrica gaúcha. Já a Stellantis tem planos claros para o Brasil de novas tecnologias, com três plataformas híbridas e uma elétrica — finalizou o executivo, acrescentando que a proposta de prorrogação retira a ampliação do benefício para fábricas fora do Nordeste, o que foi autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça.  

Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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