Alerta ligado para os principais parceiros comerciais do Rio Grande do Sul. A China, que já chegou a importar 40% dos embarques gaúchos, compra hoje 17,4%, isso que ainda aumentou sobre o ano passado. O país, porém, está dando sinais de enfraquecimento. Só nesta semana, uma grande incorporadora, a Country Garden, deixou de negociar títulos, mostrando retração do setor imobiliário, que tem forte peso na economia chinesa e nas suas compras globais, em especial de minério de ferro brasileiro. Também é um grande propulsor de mercado de trabalho, que gera renda para, por exemplo, uma melhor alimentação, segmento no qual o agronegócio gaúcho aposta. Outros dados também vieram fracos, como a produção da indústria e a venda do varejo chineses. Isso fez o governo fazer novo corte na taxa de juro.
Em segundo lugar no ranking de destinos, estão os Estados Unidos (9,6%). São a maior economia do mundo, mas correm o risco até de ter uma recessão em 2023 e ainda não conseguiram reverter a política de alta de juro para, assim como fez o Brasil, segurar a inflação.
Em terceiro, então, está a Argentina (5,76%), que não cansa de trazer surpresas políticas e econômicas. A última é Javier Milei, candidato de extrema direita, ter vencido as eleições primárias. Entre suas propostas, está dolarizar a economia e fechar o Banco Central, o que provavelmente acabaria com o já frágil Mercosul. Uma das esperanças, veja só, é que a China, principal parceira comercial também da Argentina, pressione contra essa eventual dolarização.
O mercado argentino é enorme e, por isso, garante investimentos, inclusive de empresas gaúchas com suas unidades no país vizinho, mas até que ponto resiste a mais essa instabilidade? A inflação por lá passou dos 115% e já teve ameaça de colocar a polícia para acabar com o mercado paralelo de dólar. Agora, com Milei, se discute essa eventual dolarização, o que já foi feito em países pequenos, como Panamá e Equador. A inflação poderia cair em um primeiro momento, mas depois ocorreria uma fuga de capitais. Além disso, a economia monetária argentina terceirizaria decisões ao Federal Reserve, o banco central norte-americano, que, provavelmente, não moveria mundos e fundos para uma eventual crise forte no sistema financeiro daqui do Sul. O foco, claro, estaria no impacto nos Estados Unidos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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