Para ter ideia da importância do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), praticamente metade dos lojistas de Porto Alegre pegou empréstimo. Deles, 35% pretendem prorrogá-lo e - o mais alarmante - 42% têm risco de fechar o negócio caso não consigam ampliar o parcelamento. A pesquisa foi feita pelo Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA) com a coluna.
A lei que autoriza os bancos a ampliarem o prazo foi aprovada em abril. Demorou, mas já houve a alteração necessária na regra do Fundo de Garantia de Operação (FGO), administrado pelo Banco do Brasil. À coluna, a instituição informou que os empresários podem buscar os agentes financeiros para renegociar, mas eles não estão conseguindo. Banco que aplica políticas públicas e o que mais empresta pelo Pronampe, a Caixa Econômica Federal foi questionada sobre a situação, mas ainda não retornou.
Situação delicada
O Pronampe foi criado no auge da pandemia para dar sobrevida a pequenos negócios. O dinheiro se esgotava rapidamente. Com Selic a 2%, era um juro baixíssimo, mas subiu nas novas edições e empreendedores não conseguem pagar. Conforme a pesquisa do Sindilojas, 82% tomou para capital de giro, ou seja, para manter a operação diária do negócio. Confira abaixo trechos da entrevista do presidente da entidade, Arcione Piva, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, e ouça a íntegra no final da coluna.
Como fazer para não fechar enquanto não consegue prorrogar o empréstimo?
É a pergunta de US$ 1 milhão. Quem cresce o faturamento, ameniza o impacto, mas é difícil. O varejo passa por transformação, com concorrência de sites internacionais e e-commerce interno. A grande maioria que tomou Pronampe é loja física. Temos tentado qualificar os empreendedores para aumentar venda, pois é o caminho no momento. Por outro lado, fazemos pressão nas instituições financeiras para que baixem juro. Não é fácil. Temos dificuldade de chegar nas pessoas que tomam a decisão, na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil.
Qual a dificuldade com os bancos?
Os limites de crédito são vinculados ao faturamento. Então, se a empresa não faturou mais, não consegue ampliar parcelas porque tem mais juro, aumenta o valor da dívida e ultrapassa o limite do Pronampe. É a dificuldade dos bancos, além de não fazerem muita questão, óbvio. O fundo garantidor só garante até R$ 150 mil.
Ouça a entrevista completa:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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