Empresa moveleira da serra gaúcha cuja história começou há 47 anos, a Treboll Móveis entrou em recuperação judicial. O endividamento do grupo, que tem sede em Flores da Cunha, é de R$ 41,9 milhões, principalmente com instituições financeiras.
Segundo o advogado Rogério Soares, do escritório Cesar Peres Dulac Muller Advogados, que representa a empresa no pedido de recuperação judicial, o negócio enfrenta problemas de caixa, especialmente devido à queda nas exportações para o Reino Unido, que representam 80% do faturamento do grupo.
— Mesmo com arrefecimento da pandemia, ainda mantém restrições muito grandes. Projetando o curto prazo, a empresa não identificou normalidade do mercado e retorno do faturamento, então resolveu encaminhar a recuperação judicial — explica Soares.
Na petição inicial, à qual a coluna teve acesso, a empresa também cita a alta na taxa de juros e o aumento nos custos de matérias-primas, mão de obra e transportes como motivos para a crise.
"Diante das dificuldades no volume de exportação e redução no recebimento das receitas, obtendo como consequência queda no resultado operacional, o Grupo Treboll apresentou aumento do ciclo financeiro, gerando maior variação na necessidade de capital de giro, onde no decorrer de 2021 consumiu cerca de R$ 3 milhões de recursos, sendo financiada com capital de terceiros. O endividamento da empresa aumentou neste período de R$ 23 milhões para R$ 27 milhões", diz parte do pedido.
A empresa tem hoje mais de 200 funcionários. Surgiu em 1976 como Indústria de Móveis Toigo. Dez anos depois, lançou o braço de produção de mandeira, que funciona até hoje, chamado Agropastoril Morro Grande. Hoje, tem quatro empresas que englobam o grupo econômico. O principal produto é móvel para a classe média do Reino Unido.
— A empresa entende que a recuperação judicial vai permitir que se ajuste o fluxo financeiro com a nova realidade do mercado, mantendo sua estrutura de ativos e de pessoal. A Treboll se antecipou. Não é uma recuperação de uma crise extrema. É uma empresa que está estruturada e está se precavendo - enfatiza o advogado.
A Justiça já aceitou o pedido de recuperação. Agora, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano de reestruturação. Uma liminar para liberação de títulos de capitalização, porém, foi negada.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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