Com sede em Lajeado, o Grupo Imec construirá dois atacarejos da bandeira Desco super&atacado em 2023, em Campo Bom e Sapiranga. Outras três operações são reformuladas. Em paralelo, a empresa, em uma iniciativa interessante, estuda um novo modelo de supermercados, pois considera que o atual está defasado. Diretor-presidente interino do Grupo Imec, Eneo Karkuchinski detalhou os planos ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra da entrevista no final da coluna.
Como é a decisão de abrir lojas em um momento no qual o varejo e a economia no geral estão travados?
O dinheiro está muito caro, e não vemos perspectiva de baixar no curto prazo. Nosso negócio é varejo e estamos sofrendo com muita entrada de concorrentes. Ou a gente fica pequeno e cada vez menor, ou investe e começa a brigar com esses varejistas que estão entrando no mercado gaúcho. Crescemos mais de três vezes nos últimos seis anos, o que nos deu melhor competitividade. Repassamos custos menores e ganhamos com uma melhor compra.
Quanto o atacarejo representa no grupo hoje?
A participação está maior do que a dos súper. Para o modelo ser sustentável, tem que ter o menor custo possível no dia a dia, o que é obtido por eficiência na gestão, principalmente nas despesas. Falando nisso, sempre pensamos no funcionário como uma maneira de potencializar ganhos, queremos aumentar o rendimento capacitando as pessoas para que se desenvolvam e tenham melhor produtividade.
Como vocês reduzem o custo operacional?
Na eficiência. É claro que uma loja Desco vende R$ 10 milhões e trabalha com x número de pessoas, enquanto um súper, para vender menos da metade, tem o mesmo número, porque agrega muito serviço na loja. Mas não queremos deixar de trabalhar com súper. Queremos reinventá-lo para entregar produtividade melhor.
Como seria essa reinvenção?
Temos o projeto "Reinventa Super", no qual fizemos visitas nacionais e internacionais, vendo estratégias para entender como estão se desenvolvendo. Um exemplo: se está vendendo menos bebida, diminuo um pouco essa categoria e aumento as que estão mais em foco, como sustentabilidade e gourmetização. Então, vou trabalhar com a linha de cuidados do corpo. O cliente buscava mais produtos de commodity no súper, mas hoje vai mais no atacarejo. Antes, fazia oito visitas, hoje faz seis, mas ele continua indo ao súper. Então, eu tenho que oferecer, além do frescor e da qualidade do perecível, outros produtos que agreguem a essa venda para um poder de encantamento do cliente, de convencimento para que venha na minha loja porque se sente bem, vai encontrar o produto para receber amigos e fazer uma receita.
Há clientes que frequentam tanto o atacarejo quanto o supermercado?
Vários. Temos duas cidades com súper e Desco, mas também vemos o mesmo cliente pelos aplicativos Imec Mais - no súper - e Clube Desco. Em Lajeado e Montenegro, vemos que compra determinados produtos no cash (atacarejo) e outros no súper, com a frequência de visita. Ele vai menos vezes no cash e faz o rancho, vai mais no súper e compra o perecível, produto de valor agregado, um vinho que não encontra no Desco. No atacarejo, tenho 8 mil itens e, no súper, tenho 13 mil.
Como o grupo decide que em determinado locai será um atacarejo ou um supermercado?
Depende do tamanho do terreno e fazemos uma pesquisa de mercado de mais de 120 páginas, socioeconômica da região, com o potencial, os gaps, os concorrentes, o preço que o mercado pratica, o viés de crescimento, qual bairro está crescendo, qual é a classe social que mais cresce. Através disso, vemos se é uma cidade para um Imec ou um Desco. Porém, de 2019 até 2022, não abrimos nenhum supermercado porque o nosso modelo está defasado. Estamos trabalhando para desenvolvê-lo e, a partir de 2024, abrir lojas que realmente entreguem uma proposta de valor. Ao final do ano, terminado o projeto, teremos o nosso piloto, que vai dizer como será a loja, quais categorias terá, produtos que vai vender, para abrirmos em determinadas cidades. Por que não pensar no futuro em Porto Alegre?
Qual o investimento nas novas lojas e nas reformas? E qual a geração de empregos?
Por estratégia da empresa, não informamos o valor que investimos. Quanto ao número de funcionários, somente nas duas lojas novas, vamos gerar 250 empregos diretos e mais uns 120 empregos indiretos. A loja do Desco de Encantado, na cidade do Cristo Protetor, tem 60 funcionários e passará a ter 90, além dos indiretos a mais. Hoje, são 3.157 funcionários. Vamos fechar o ano por volta de 3,5 mil.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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