Com fábrica em São Leopoldo, a HT Micron conseguiu um financiamento de R$ 99 milhões do BNDES para produzir memórias para celulares com tecnologia 5G. Além disso, está de olho no investimento norte-americano para refazer a cadeia de chips do país após o gargalo no fornecimento pela Ásia. Confira trechos da entrevista do programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com a diretora de Parcerias Estratégicas da HT Micron, Edelweis Ritt, e ouça a íntegra no final da coluna.
No que será aplicado o dinheiro do financiamento?
Os celulares vão passar para o 5G, que tem uma frequência muito mais alta. Então, todas as memórias, que é o que fazemos hoje na HT Micron, vão passar para uma geração nova, compatível com a tecnologia. Vamos mudar o parque fabril, porque as memórias são diferentes.
Como será a mudança na fábrica?
Há uma convergência de equipamentos e também continuaremos produzindo alguns dos celulares antigos, então vamos ter as duas linhas. Estamos colocando uma adicional para essas memórias compatíveis com o 5G.
Com a escassez mundial de semicondutores de geladeiras a celulares e veículos, o que esse investimento representa para o Rio Grande do Sul?
Há vários tipos de semicondutores. O chip que serve para celular, por exemplo, não serve na geladeira, que também não serve para carro. A cadeia instalada no Brasil é de celular, computador e televisões, principalmente smart TVs. Nossos clientes hoje são Samsung, Dell..., que fabricam no Brasil. Sempre dizemos que a cadeia tem que estar no Brasil. Carros estão sendo fabricados aqui e agora estamos avaliando, por exemplo, a abertura desse mercado, até porque a quantidade de chips no carro aumentou muito.
Para isso, é importante que seja cancelada a extinção da Ceitec, fábrica de chips de Porto Alegre?
Semicondutor é a indústria de "cluster" (empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes). Então, quanto mais tem, mais fácil. Quando vem uma empresa, vem uma segunda, uma terceira e, com isso, vem o fornecedor. Você cria o ecossistema. Eu mesma trabalhei na Ceitec por cinco anos. Com certeza, é melhor que tudo funcione.
A HT Micron surgiu de uma parceria brasileira com coreanos, mas a estrutura societária dela mudou, com a saída do Grupo Parit e da Teikon. Quem é dono hoje da empresa?
É 100% Hanna Micron, empresa com sede na Coreia do Sul. Temos fábrica no Vietnã, no Brasil e na Coreia. Hoje, para a Hanna Micron, é excelente estar aqui, porque os Estados Unidos têm levado as fábricas de volta, mas encapsulamento, que é o que fazemos, não será feito lá. Inclusive, no Chips and Science Act americano, está escrito que vão procurar parceiros. O Brasil é muito perto. De Manaus para Miami, são três horas de voo. Estamos praticamente no quintal dos Estados Unidos. Fazer e encapsular os chips aqui para atendê-los é superestratégico. É um mercado que estamos esperando conseguir. Para a Hanna Micron, é uma vantagem competitiva absurda. Estamos em uma posição estratégica geopoliticamente perfeita.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna