Os alimentos, quem diria, estão trazendo um refresco para a inflação. O indicador oficial do país, o IPCA, trouxe, em março, um recuo de 0,14% na alimentação no domicílio no país, ajudando a segurar o índice geral de preços. Batata-inglesa (-12,80%) e óleo de soja (-4,01%), seguidos por cebola, tomate e carnes.
A deflação dos alimentos apareceu também na cesta básica de Porto Alegre. O trimestre trouxe uma queda de 2,55% no custo do conjunto de 13 produtos pesquisados mensalmente pelo IBGE. A última queda tinha sido registrada no início de 2020, quando foi menos intensa. No ano passado, o primeiro trimestre trouxe um aumento de 7,52% na cesta básica, maior do que a inflação do ano todo.
Os alimentos in natura, ou seja, não industrializados puxam a queda neste ano. Eles têm um ciclo de produção mais curto, oscilando conforme a safra. A do verão ajudou na oferta de batata, tomate e banana no país. Feijão, leite, arroz, porém, têm as maiores altas.
- Pode haver influência de recuo de alguns preços no mercado internacional, queda do diesel e pela própria demanda que segue baixa considerando a renda baixa e o endividamento das famílias. Inflação baixa não significa que o custo de vida ficou menor, significa apenas que o ritmo de subida dos preços diminuiu - pondera a economista do Dieese, Daniela Sandi.
Na região metropolitana de Porto Alegre, o IPCA da alimentação no domicílio ficou em +0,6% no mês, ou seja, com alta, mas menor do que a inflação, de 1,25%.
Economista da Quantitas Asset, João Fernandes diz que perspectiva para maior parte do ano é de inflação muito baixa para alimentos, havendo riscos mais para o último trimestre, quando os efeitos do El Niño serão sentidos com maior intensidade. A notícia é boa para um ano desafiador da inflação, com a alta de combustíveis e energia. Além disso, alimentos pesam mais no orçamento de famílias vulneráveis, de baixa renda.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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