A semana começa com os esforços das autoridades norte-americanas, especialmente do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), para evitar uma corrida aos bancos. Para isso, o governo de lá garantiu nesse domingo (12) que os clientes do Silicon Valley Bank (SVB) terão acesso ao dinheiro de todos os depósitos, liberando um programa de financiamento. O banco quebrou e reabre nesta segunda-feira (13) rebatizado de Deposit Insurance National Bank of Santa Clara, sob intervenção, para começar a pagar os clientes. Ele não é dos maiores, com cerca de US$ 200 bilhões em ativos enquanto os grandes superam US$ 3 trilhões, mas é o suficiente para gerar o chamado risco sistêmico, com contágio em outras instituições financeiras, como o Signature Bank, que foi fechado pelas autoridades na esteira da falência do SVB.
Importante lembrar que do dinheiro que as empresas e pessoas depositam nos bancos, grande parte vai para emprestar. É o crédito que movimenta a economia. Se há uma corrida para resgate, não tem recursos para devolver a todos os clientes. Por isso, a grande preocupação das autoridades em evitar essa onda de saques provocada pelo pânico de não se ter mais acesso aos valores.
O SVB era conhecido por financiar startups, especialmente as do Vale do Silício, que não conseguiam o crédito facilmente com instituições financeiras mais conservadoras. Com o juro elevado, muitas acabaram recorrendo a recursos depositados. Havia um receio até que as startups não conseguiriam pagar funcionários, o que poderia respingar aqui. Várias dessas empresas aqui do Brasil e fundos de investimento recorriam também ao banco. É esperado para estes próximos dias um desenho mais claro dos impactos no mercado brasileiro, mesmo com a garantia dada pelo governo dos Estados Unidos. A aversão ao risco contamina mercados, afastando investidores, especialmente das apostas em startups e em criptomoedas, que já sentiam as torneiras secarem.
Por outro lado, a quebra dos bancos deve deixar o Federal Reserve mais cauteloso para elevar o juro, mesmo que viesse sinalizando um ritmo maior de aperto monetário. Se reduz o ritmo lá, provoca menos valorização do dólar aqui e retira - ao menos essa - pressão sobre a inflação. Isso é considerado para não elevar e até reduzir antes a taxa de juro Selic pelo Banco Central. Porém, nessa decisão pesa mais a nova regra fiscal a ser apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente Lula.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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