Um dos pontos mais tradicionais de Gramado, o Parque Knorr, onde hoje está instalada a Aldeia do Papai Noel, vai a leilão. O local tem 87,9 mil metros quadrados e pertence à massa falida da Tropical Hotelaria, grupo criado pela companhia aérea Varig que também era dono de um dos hotéis mais luxuosos da Amazônia, leiloado por R$ 91 milhões.
O lance inicial para arrematar o parque de Gramado é de R$ 15,5 milhões, e funcionará pelo modelo chamado de "stalking horse", quando um possível comprador já faz uma proposta antes de o leilão acontecer. É uma modalidade que tem ganhado força recentemente, principalmente porque dá segurança de que há pelo menos um interessado no bem. Neste caso, trata-se da empresa Moura e Ferranti Investimentos e Negócios, de São Paulo.
Pelo edital, a Moura e Ferranti nem precisa disputar com outros licitantes. Ela oferece esse lance inicial, de R$ 15,5 milhões, e, encerrado o leilão e definido o maior valor, a proponente terá o direito a adquirir o bem pelo valor apurado, acrescentando 1%.
O leilão está previsto para acontecer em 18 de abril, a partir de uma decisão da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro. O leiloeiro responsável é Jonas Rymer, também da capital fluminense.
Apesar de ser um terreno bem conhecido, a área perde valor comercial por ser, desde 2018, tombada pela prefeitura de Gramado. Isso impede a construção de edificação dentro do parque. Ou seja, quem for comprar o terreno não poderá construir, ali, algum hotel ou parque temático, por exemplo.
— O tombamento visa a proteção ambiental, cultural e patrimonial daquele lugar. Nada pode ser construído no local, além do que já existe. Claro que pode explorar comercialmente, como é feito hoje com o arrendamento para a Aldeia do Papai Noel, mas é mais restrito — explicou à coluna a procuradora-geral de Gramado, Mariana Reis.
A prefeitura, mesmo, já demonstrou, no passado, interesse em comprar a área, mas não chegou a acordo com a Tropical sobre o valor. Enquanto o município estava disposto a pagar algo em torno de R$ 10 milhões, a empresa queria cerca de R$ 100 milhões, conta Mariana. Isso, inclusive, é motivo de um processo em andamento na cidade.
— Temos um termo de intenção de compra já há alguns anos, mas nunca se chegou a um denominador comum. O leilão pode acontecer, qualquer empresa pode comprar, mas entramos com um pedido para suspensão do certame, justamente porque já existe esse termo de intenção — diz.
Enquanto isso, a Aldeia do Papai Noel segue por lá. A área já é arrendada desde 1998, ou seja, há mais de 24 anos. O contrato, porém, terminou em 2021. De acordo com o edital do leilão, "consta em andamento a ação renovatória movida pela arrendatária" para seguir no terreno.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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