Criado em 1972, o Grupo Minuano decidiu encerrar as atividades de sua fábrica de calçados em Crissiumal, no noroeste do Estado. A Malu Calçados, como se chamada, funcionou na cidade por 14 anos, e parou de funcionar no final de janeiro. O encerramento faz parte da recuperação judicial da empresa, processo aceito em 2020 pela Justiça e cujo plano foi aprovado no final do ano passado. Cerca de 300 funcionários que trabalhavam na estrutura foram demitidos.
— A fim de assegurar e manter os outros negócios do grupo, tivemos que tomar atitudes mais drásticas, cortando o negócio que algum tempo não estava gerando resultado, bem pelo contrário — contou a diretora da empresa, Bárbara Enzweiler.
De acordo com ela, é uma 'paralisação por tempo indeterminado", com a demissão dos trabalhadores ativos, salvo gestantes, que receberão a remuneração durante o período gestacional. Como anunciaram o encerramento à prefeitura, o município já procura outro negócio para ocupar a estrutura, que pertence ao poder executivo.
Presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul (Feticvergs), João Nadir Pires foi à cidade acompanhar a situação. Segundo ele, a empresa pagou todos os direitos trabalhistas.
— Apesar de estar em recuperação judicial, cumpriu os pagamentos. Lamentamos pelo fato da empresa deixar de existir na cidade, até porque tinham benefícios importantes, como o prédio e alguns maquinários, que eram da prefeitura, mas é importante que tenham pago todos os direitos.
A empresa era a maior geradora de empregos e que dava maior retorno em ICMS para a prefeitura, de acordo com o prefeito Marco Aurélio Nedel. A coluna soube que já há negociações em andamento para uma nova operação no local.
Recuperação judicial
A Malu Calçados de Crissiumal era a única unidade fabril de calçados do Grupo Minuano, que aposta mais no setor de couros. O grupo tem sede em Lindolfo Collor, no Vale do Sinos. No total, são quatro fábricas no Rio Grande do Sul e mais uma unidade em Alagoinhas, na Bahia. Fornecem couros, por exemplo, para a indústria calçadista, automotiva e moveleira. À época do aceite da recuperação judicial, a dívida era de R$ 256 milhões. Saiba mais: Criado há 48 anos e com 2,5 mil funcionários, grupo industrial do RS entra em recuperação judicial
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna