O turismo na Região das Hortênsias teve um desempenho misto em 2022, ano de retomada mais consolidada para o setor, após as restrições da pandemia. Uma pesquisa enviada em primeira mão à coluna pela empresa Planne mostra como parques, restaurantes e opções gastronômicas temáticas passaram pelo último ano. Houve aumento no gasto de cada cliente, bem como crescimento de vendas em gastronomias temáticas. Por outro lado, o consumo no Natal ficou abaixo do esperado e houve queda nas compras antecipadas de ingressos.
A Planne, que fez o levantamento, é responsável por desenvolver as plataformas que cerca de cem empresas, entre parques, restaurantes e opções gastronômicas temáticas usam para vender seus produtos. No ano passado, 250 mil pessoas consumiram nas cidades através dos sites criados pela startup.
O gasto médio em compras subiu de R$ 331 em 2021 para R$ 411 em 2022. Foi um crescimento de 24,1%, ou seja, acima da inflação média para o período. Em parques, as pessoas gastaram, em média, R$ 260. Em restaurantes, R$ 299. Já em opções gastronômicas temáticas, R$ 605.
— A explicação desse gasto a mais está baseada no aumento dos valores das atrações, pressionado pela inflação e pela demanda. Mas, percebemos a redução nominal na quantidade de atrações que um turista visitava. A nossa percepção é que além dele ter que limitar o orçamento, ter que ser mais seletivo — diz o CEO da Planne, Gregório Nardini.
A questão da seleção também acontece por conta do tempo. De acordo com Nardini, o turista passa cerca de três a quatro dias na região, então precisa escolher onde ir. Esse é um dos motivos, na análise dele, do crescimento nas vendas em restaurantes temáticos.
— É praticamente impossível visitar todos os parques ao mesmo tempo. Então, ele pode optar por ir em restaurantes temáticos, que junta entretenimento com gastronomia. Essas atrações tiveram crescimento de 126% em vendas. Mas sobre o aumento de preços, eu diria que vai da inflação até o crescimento de opções, que faz o turista ter que selecionar menos atrações, e gastar mais nelas.
Ainda de acordo com a pesquisa, julho foi o melhor mês de vendas na região, enquanto as vendas em dezembro ficaram 30% abaixo do esperado. Foi nesse período, também, que ganhou força um debate que começou por volta de 2017 sobre preços e superoferta de leitos na região. Veja mais sobre o assunto: Queda do turismo no Natal acende debate sobre preços e superoferta de leitos em Gramado e Canela
E de onde vem o consumidor? Cerca de 25% do público que gasta na cidade vem do Rio Grande do Sul, principalmente de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em segundo lugar está São Paulo, com 18%, seguido de Santa Catarina, com 9,64%. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país consumiram 20% a menos em 2022 em relação a 2021. Também há aqui um debate sobre como atrair mais turistas de fora do Estado para consumir na cidade.
— Esses números trazem pontos de atenção. Será que a gente não deveria, do ponto de vista estratégico, focar em mercados que estão vindo mais para cá, como São Paulo, que cresceu e tem um gasto médio mais alto em relação a outros visitantes do país? — finaliza o CEO.
Ouça o áudio da entrevista para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha).
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna