Projeto que já vem sendo estudado há quatro anos, o terminal portuário em General Câmara, na região carbonífera do Estado, avançou. A Terminal Fluvial Vale do Jacuí, que foi criada para desenvolver a operação, fará o lançamento oficial do empreendimento nesta quarta-feira (18), em Porto Alegre. A empresa achou um novo investidor para o projeto, depois de as negociações com o primeiro interessado terem sido encerradas.
— O projeto começou em 2019, através da Hidrovias RS, uma associação de entidades interessadas na retomada do transporte hidroviário. Eles fizeram uma parceria com o município para estudar a possibilidade de instalar um porto. A partir daquele momento, começamos a buscar investidores. O primeiro investidor que achamos não deu certo. Depois, apareceu a Conexão Sul Brasil, que angariou os investidores para aportar no empreendimento — explicou à coluna o procurador-geral da cidade, Gustavo Baptista.
A ideia é que a estrutura fique instalada em uma área de 136 hectares às margens do Rio Taquari. O terminal será usado principalmente para grãos e contêineres. Haverá a possibilidade de armazenagem seca e refrigerada. O objetivo é que ele não receba grandes navios, mas barcaças. Por esse motivo, não precisaria fazer uma nova dragagem. A expectativa é de que a operação gere cerca de mil empregos diretos e indiretos.
Para desenvolver o porto, a Terminal Fluvial Vale do Jacuí contratou o escritório de arquitetura Kohlore — que também está no projeto desde 2019. Inicialmente, o aporte estimado seria de R$ 70 milhões. Depois, o prefeito da cidade, Helton Barreto, chegou a falar em R$ 130 milhões, mas a estimativa agora é que o montante seja maior.
— Com a entrada da Conexão Sul Brasil, houve uma mudança significativa no projeto, em dimensões. Inicialmente, seriam 40 mil metros quadrados construídos. Agora, foram para 103 mil metros quadrados — conta o sócio do escritório de arquitetura, Cristiano Moura.
De acordo com Moura, para o licenciamento, está sendo feito agora o termo de referência da Fundação de Proteção Ambiental (Fepam) para liberar a execução do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima). As próximas etapas irão acontecendo conforme o cronograma de aportes. O secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, falou à coluna sobre o lançamento.
— Esse projeto vai ao encontro do objetivo do governo do Estado de desenvolver a malha hidroviária do Rio Grande do Sul. Vai ajudar na logística e tornar a região ainda mais competitiva — disse o secretário Polo.
Para o prefeito Barreto, a construção do porto terá capacidade de alterar a vocação econômica da cidade, que tem cerca de 8,5 mil habitantes.
— General Câmara tem sido reconhecida por sua capacidade logística. Temos acesso fácil a rodovias, ferrovias e a hidrovias. Essa construção poderá mudar a característica do município, da região e até do Estado. Hoje 70% do ICMS é gerado da agricultura, não temos grandes indústrias. Isso vai ser um divisor de águas — finaliza o prefeito.
O primeiro investidor, cujo projeto não avançou, era a empresa LD Traldi. Também estava envolvida a RV Imola, uma operadora logística paulista tem atuado na distribuição de vacinas contra a covid-19. De acordo com o procurador-geral Gustavo Baptista, o recuo aconteceu justamente porque a empresa precisou priorizar a atividade de logística por conta das vacinas. Saiba mais: Grupo que atua na distribuição de vacinas contra covid-19 se candidata para executar projeto de R$ 130 milhões no RS
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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