Sem refresco e com a temporada de férias, a disparada do preço do carvão de churrasco segue inquietando os consumidores gaúchos. Em 2022, o aumento chegou em 65,2% na região metropolitana de Porto Alegre. O preço médio do saco de três quilos saltou de R$ 11,36 em dezembro de 2021 para R$ 18,76 no final de 2022. Os dados fazem parte da pesquisa de inflação do Núcleo de Pesquisa Econômica Aplicada da UFRGS, que considera o item no custo de vida dos moradores de Porto Alegre.
A perspectiva é de estabilidade, não de queda. Ainda ne metade do ano, a falta de insumo foi apontada à coluna como motivo pelo empresário Valmor Griebler, dono da Carvão Ki-fogo e presidente da Associação dos Produtores e Empacotadores de Carvão Vegetal do RS (Apecave). Ele relatou alta no preço da embalagem de papel, do diesel para transporte e, principalmente, da lenha, matéria-prima do carvão vegetal.
- Agora, a lenha está começando a sair do canto dos matos. Então, o carvão não vai subir, como sempre sobe nesta época (devido ao aumento da demanda). Mas não vai cair porque a embalagem subiu. Estamos esperando para ver o que vai ser do preço do papel, que agora aumentou 10% e não repassamos.
A alta do diesel também fez muitas empresas usarem lenha. Além disso, o inverno foi muito chuvoso e prolongado, não permitindo que ela secasse a tempo. Para fazer carvão, tem que ser lenha seca, cortada há, pelo menos, três meses. Não pode ser verde. A lenha seca vai ao forno e é abafada. Ela é retirada quando vira carvão, antes de se transformar em cinzas. Empresas foram buscar em Minas Gerais a lenha.
Presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Luiz Augusto Alves confirma que a alta de preços ocorreu por elevação da demanda, mas também pela queda da oferta. Segundo ele, caiu a disponibilidade de florestas de acácia negra, principal fonte de madeira para produção de carvão, e também houve falta de eucalipto.
- Com a consequente redução da disponibilidade de florestas maduras, naturalmente os preços inflacionaram. No ano de 2022, o preço da madeira teve uma valorização em torno de 60%. A redução da área plantada de acácia negra também se deve a restrições impostas aos plantios florestais no nosso Estado. O zoneamento da silvicultura, que deveria ser revisto a cada cinco anos, é o mesmo desde 2008 - diz o presidente da Ageflor.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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