Empresário da Marcopolo, presidente do Conselho Empresarial Brasil-Argentina e vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Mauro Bellini tem uma avaliação positiva da visita do presidente Lula a Alberto Fernández, presidente do país vizinho, da escolha do destino para a primeira viagem presidencial até o estudo sobre uma moeda comum. Confira abaixo trechos da entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, e ouça a íntegra no final da coluna.
É interessante o Brasil ter uma moeda comum com a Argentina para fazer negócios?
Poder ser importante para incrementar os negócios. O entendimento que tive é de que seria uma moeda de compensação para fazer trocas comerciais sem passar pelo dólar, assim como tivemos movimentos em outras épocas, como crédito recíproco.
O Rio Grande do Sul seria beneficiado? Quais segmentos?
O fluxo comercial com a Argentina é de qualidade, com produtos de alto valor agregado, que geram empregos. Vou citar dois setores que são fortes: automobilístico e de calçados. Se incentivarmos esses produtos de qualidade, com bastante valor agregado, seria bastante positivo.
Qual a sua percepção após a reunião com Lula e Alberto Fernández?
Eu diria quase positiva, em função desse alinhamento que acontece entre os presidentes, que pode ajudar os negócios. Tivemos encontros com a UIA (União Industrial Argentina) e a sensação entre os empresários é que podemos revitalizar o Mercosul, retomando um espaço que já foi nosso. A quantidade de produtos importados pela Argentina do Brasil tem diminuído nos últimos anos, ao mesmo tempo em que aumenta da China.
O gasoduto que Lula pretende financiar é importante?
Trazer o gás é importante para complementar a matriz energética do Rio Grande do Sul, mas o investimento tem que passar por mais estudos para ver garantias de financiamento. Não pode ser, obviamente, a fundo perdido.
A escolha de Lula por viajar primeiro para a Argentina foi acertada em termos de relações comerciais?
Aprendemos bastante na pandemia e na guerra na Ucrânia que o fluxo global de insumos e de mercadorias, às vezes, pode não funcionar tão bem. Então, é bastante importante ter fornecedores e supridores próximos, "nearshore" (perto da costa).
Colaborou Vitor Netto
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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