Não, o real não seria extinto com a criação da moeda comum para negócios entre Brasil e Argentina, que, aliás, recém começará a ser estudada. Bastante popular, o assunto dominou a pauta da visita do presidente Lula ao colega Alberto Fernández nesta segunda-feira (23). Para ser precisa, não seria uma "moeda única", mas uma "moeda comum".
Lula não é o primeiro presidente brasileiro a levantar a possibilidade nem é a primeira vez que ele cogita a criação. Em 2008, ele discutiu uma moeda comum com a ex-presidente argentina Cristina Kirchner. Antes ainda, na década de 1990, Fernando Henrique Cardoso (FHC) conversou com Carlos Menem sobre a pauta, que também teve espaço nos governos de José Sarney e Raúl Alfonsin.
Aliás, uma moeda única chegou a ter apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em visita à Argentina em 2019, defendeu a criação do que chamou de Peso Real e chegou a compará-la com o euro. Logo depois, o Banco Central jogou um balde de água fria na possibilidade.
Agora, porém, seria apenas para transações comerciais com o objetivo de alavancar os negócios entre os dois países. A Sur, como tem sido chamada, evitaria o dólar. Em momentos de crise política e econômica - como uma pandemia e uma guerra -, a moeda norte-americana se fortalece, desvalorizando a de outros países, como o real e, mais ainda, o peso argentino, que está bastante fragilizada.
A Argentina é o terceiro principal destino das exportações gaúchas. Mesmo em crise, comprou 20% mais em 2022 do que no ano anterior. O Rio Grande do Sul abocanhou parte de um mercado não abastecido pela China.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna