Ao completar 100 anos e ainda sob comando familiar, a Aida Alimentos prepara-se para dobrar a produção. Ainda assim, a ideia é manter a charcutaria artesanal. A instalação segue em parte no prédio onde a empresa começou, em Bento Gonçalves, mas a ideia é erguer uma nova fábrica, contou o diretor Mauro Gasperin em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Atualização: Em 2017 e em 2018, a empresa esteve envolvida em operações do Ministério Público Estadual após laudo constatar presença de bactéria em embutidos. Procurado pela coluna novamente, Gasperin, que chegou a ser preso, contestou que os produtos estavam impróprios para consumo e disse que, na época, a empresa fazia produtos mais baratos, que estavam entre os fiscalizados. A empresa segue respondendo em processo judicial, argumentando que o próprio equipamento contaminou as demais amostras. A autorização para vender para fora do Estado foi retirada na ocasião.
Leia trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Quais são os planos de expansão?
Procuramos, a cada mês, superar o anterior. Mas os planos são de dobrar a produção até 2024, e até fazer mais do que isso.
O que a Aida alimentos produz?
A Aida produz basicamente curados, que seriam salames, copas, o presunto tipo parma, colatelo, salaminho, pepperoni.
Vocês seguem no mesmo prédio desde a criação da empresa?
A parte administrativa e uma parte da produção ainda ficam no prédio original. Fizemos diversas reformas para adaptar à nova realidade. Todas as câmaras são novas. A sala de cura, hoje, é toda mecanizada, sem a exigência de muita mão de obra.
É uma empresa familiar?
Essencialmente familiar, de origem italiana, do Vêneto. Começou começou com o meu avô, passou pelo meu pai, agora eu e as minhas duas filhas.
Como surgiu a ideia de criar a Aida Alimentos?
Isso é uma tradição que veio com os imigrantes, de produzir o que se fazia na Itália. Com o conhecimento que eles tinham, começaram a produzir, a vender e aí tomou velocidade e volume. Mas, essencialmente, porque é uma tradição. Fazer vinho, fazer curados. É tradição.
O senhor é mestre em charcutaria. A paixão foi passada pelas gerações?
Sem dúvida nenhuma. Os ensinamentos que eu recebi me habilitaram a dar sequência à produção. E fui buscar muito conhecimento também em cursos na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em simpósios. Procurei me atualizar aos tempos modernos, mas mantendo a tradição.
Atualizar-se, mas mantendo a essência do negócio...
Exatamente. Tudo se pode fazer melhor do que já se faz. Então, a essência é essa, desde a matéria-prima. Nós vamos visitar os fornecedores. Já dizia meu avô: de matéria-prima boa, você faz produto bom.
De onde vem a matéria-prima de vocês?
Hoje vem essencialmente do Rio Grande do Sul, de abatedouros credenciados com fiscalização. Então, a própria fiscalização é bastante exigente e severa. O resultado final tem que ser coisa boa, tem que ser produto bom. A nossa filosofia é de fazer "produto top". Produto baratinho, a gente não faz. Faz o que valoriza a origem, a tradição e a matéria-prima que se emprega.
Produto baratinho, a gente não faz.
MAURO GASPERIN, DIRETOR DA AIDA ALIMENTOS
Vocês vendem para onde?
Hoje, essencialmente, no Rio Grande do Sul. Para supermercados, fast foods e restaurantes. Temos uma clientela bem variada.
Quanto vocês produzem?
Atualmente nós estamos ao redor de 240 toneladas. Pretendemos duplicar, e até um pouco mais. Com toda a certeza. Nós estamos para receber uma habilitação para vender em todo o país. Vai representar uma evolução muito grande atingirmos São Paulo (ou seja, recuperar a autorização que foi retirada após a operação do Ministério Público), que é o mercado consumidor de bons produtos, onde o produto é valorizado. Eles dão preferência para uma coisa mais artesanal, tradicional, que é o que a gente faz.
Para duplicar a produção vocês vão precisar de uma linha de produção maior, de uma nova unidade?
Hoje nós temos equipamentos de última geração. Esses equipamentos podem produzir muito mais do que já estão produzindo. Temos em vista, sim, uma planta nova, que vai levar um pouquinho mais de tempo. Mas no que essa produção for demandada, acelera esse processo, esse objetivo que temos pela frente.
Onde que ficaria essa planta nova?
A pretensão é fazer no Vale dos Vinhedos, onde já temos uma propriedade já adquirida.
Quantas pessoas trabalham com vocês hoje?
Hoje estamos com 30 funcionários mais a administração. Isso vai dar uns 38 funcionários.
Ouça a entrevista completa:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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