Interrompido o ciclo de alta da Selic que começou em março de 2021, quando o Banco Central passou a apertar a política monetária para conter a inflação. Mas as taxas de juro ao consumidor começaram a subir antes, em dezembro de 2020. De 5,51% ao mês, a média passou para 6,90%.
Parece pouco, mas faz uma grande diferença, ainda mais quando a taxa incide sobre um valor já elevado por juro. Das seis operações pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o rotativo do cartão de crédito segue, disparado, com o juro mais alto. Atrasar a fatura um mês eleva em 14,3% o valor da dívida, em média. No ano, ela beira 400%, o que significa multiplicar por cinco o montante atrasado, virando a tão famosa bola de neve.
Mexer na Selic tem efeito defasado na economia, também há outros fatores que influenciam na formação das taxas e redução da Selic deve ficar só para o segundo semestre de 2023. Ainda assim, o setor empresarial vinha aguardando essa parada das altas. Do agro à indústria, produtores e empresários tomam empréstimos que são atrelados à Selic. Além disso, o crédito caro e restrito restringe consumo, sendo remédio amargo contra inflação.
E, para fechar, o Banco Central, que faz um trabalho sério, ter tomado essa decisão chega a gerar uma percepção melhor por parte de setores empresariais. Mas ela não foi unânime, teve voto por alta, o que deixa o mercado financeiro atento. No comunicado, alertou para mudança se inflação voltar a subir: " O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado." Isso vai pesar nas projeções de queda da taxa. Na semana que vem, tem a divulgação da Ata do Copom, com mais detalhes.
Mas ainda hoje, o mercado financeiro digere a decisão do Copom junto da definição da alta de 0,75 ponto percentual do comitê de política monetária norte-americano (Fomc, na sigla em inglês). Apesar de não ter acelerado o aperto, o Federal Reserve sinalizou que as taxas continuarão altas por mais tempo. O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, foi duro. Tem expectativa de desaceleração da economia.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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