Terceiro maior banco privado no Brasil, o Santander financiará R$ 60 milhões para a empresa gaúcha BSBios ampliar um projeto social para coleta de óleo de cozinha usado, chamado de UCO. O processo é feito em uma fábrica de Passo Fundo, no norte gaúcho. A iniciativa reduzirá o impacto ambiental do descarte inadequado do resíduo no meio ambiente e elevará a renda de famílias que já fazem parte da cooperativa de reciclagem do município. Ou seja, é uma iniciativa com foco ambiental e social, o que se encaixa na linha de empréstimos ESG Linked Loan, uma das apostas atuais do Santander. O maior atrativo é a taxa de juros menor do que a média do crédito concedido pelo banco, destacou Carolina Learth, líder de Sustentabilidade do Santander Brasil, em entrevista exclusiva ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha (confira a íntegra abaixo), antecipando a informação.
O resíduo é usado como matéria-prima para produção de biodiesel. Gorduras animais, óleo de soja e o UCO viram biodiesel. Presidente da BSBios, Erasmo Carlos Battistella conta que 40% da matéria-prima vem de 10 mil famílias de pequenos produtores rurais. Como contrapartida para o financiamento, a BSBios buscou uma parceria local, na Vila Popular, em Passo Fundo.
A Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (Coama) já atua com recicladores e possui licença ambiental para recolhimento de óleo de cozinha usado. A ação irá desenvolver fornecedores para aquisição do UCO, coletado no comércio e em residências. A presidente da Coama, Eva de Fátima Chaves, e a vice-presidente, Aparecida Sodré, preveem a instalação de novos pontos de coleta e o fornecimento de equipamentos para acondicionar e transportar o óleo coletado. O apoio também virá na capacitação em temas de gestão, por meio voluntários da empresa.
Assista à entrevista com Carolina Learth, líder de sustentabilidade do banco Santander:
Abaixo, alguns trechos da entrevista:
No que será aplicado o financiamento?
É uma modalidade que estamos fazendo desde 2020, chamada Sustainability Linked Loan. É um empréstimo vinculado ao cumprimento de metas por parte do tomador do crédito, que sinalizam o compromisso da companhia com a sustentabilidade. Especificamente nesse empréstimo para a BSBios, estamos falando de biodiesel, que já é ligado à energia renovável. Vai aumentar a captação de óleo de cozinha para a produção de biodiesel e beneficiar as cooperativas que estão envolvidas nessa captação. A ideia é que a companhia se comprometa com essas metas ao longo do tempo da operação. Vão ampliar o volume de compra, com 8,4 mil litros a mais em oito meses, subindo de 10% para 25% a participação na renda desses cooperados.
Qual o diferencial deste crédito?
É uma linha customizada, negociada com o cliente. Não posso informar o juro. É menor, o que é o grande atrativo. Não há outro benefício.
Por que o banco aposta nesta linha? Entra nos indicadores dele também?
Sem dúvida. No ano passado, fizemos R$ 51,6 bilhões em negócios sustentáveis. Ainda é uma modalidade teoricamente tímida dentro dos nossos resultados. Mas por que apostar nisso? Porque o mercado está mudando e temos que apoiar cada vez mais a transição dos clientes. Você pode me apresentar uma operação de R$ 2 milhões, uma de R$ 60 milhões e uma de R$ 1 bilhão. Para mim, os critérios, na verdade, são os mesmos.
Como vocês evitam o "greenwashing", quando a iniciativa é sustentável só de fachada?
Existe uma dedicação das equipes. Costumamos dizer que não aprovamos operação que não possamos contar para o mercado. O banco definiu uma taxonomia de negócios. O que é isso? É uma lista de finalidades para as quais pode conceder empréstimos sociais e ambientais. E tem que ter a minha "luz verde". Também comparamos empresas e digo "olha, mas tem uma meta muito mais agressiva". E rem a reputação. Sabemos que tem setores mais sensíveis, tudo isso é avaliado.
Qual a orientação para quem ficou interessado?
Vale para todo e qualquer segmento. A pessoa procura o seu gerente de relacionamento com o banco para construirmos a operação. Não tem tíquete mínimo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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