Em reação que não surpreende, o dólar está disparando nesta sexta-feira (1º). A moeda começou a tarde com uma alta de quase 3%, sendo vendida na cotação comercial acima de R$ 5,30. Depois, até desacelerou para perto de 1,5% de elevação. Há dois motivos fortes para o aumento, que vêm do Exterior e também do cenário doméstico, ou seja, do Brasil. 

Cresce com o passar dos dias o temor de recessão global. Parte dela é puxada por uma retração nos Estados Unidos, que são a maior economia do mundo. A inflação alta tem feito os bancos centrais elevarem juros, o que é uma trava para a atividade econômica. Aqui no Brasil, isso já vem sendo feito desde março de 2021. A aversão ao risco tende sempre a valorizar o dólar, para onde os investidores correm em tempos de incerteza. Além disso, a alta do juro norte-americano atrai mais investimentos para o país. 

Já no Brasil, o receio do investidor é com as contas públicas, o que aumentou muito com a aprovação da PEC dos Combustíveis no Senado, também chamada de "PEC Kamikaze" ou "PEC Fura-Teto". Junto com as outras reduções  tributárias, ela gera um gasto bilionário do governo federal com benefícios sociais, furando bastante o teto de gastos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que isso será bancado por dividendos e privatizações, mas o investidor ainda não tem isso bem esclarecido. 

Com este cenário, o economista João Fernandes, da Quantitas Asset, trabalha com uma cotação de R$ 5,30, sendo o que chama de "patamar razoável pelo riscos que estão na mesa".  Para o futuro, diz serem necessárias definições que precisam vir das eleições e também da desaceleração de economias importantes. 

- Precisamos dessas definições, estamos falando de alguns meses, para então voltarmos a falar em um dólar, por exemplo, a R$ 4,70 - conclui.  

Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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