Provedora de internet nascida em São Borja em 1995, a Brasil TecPar quer levantar R$ 200 milhões em rodadas de investimento. O objetivo é usar esse dinheiro para expandir através da aquisição de novas empresas. Desde 2015, a gaúcha já comprou 42 operações em seis Estados. E deverão vir mais ainda em 2022, antecipou o CEO Gustavo Stock, em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
— A gente tem já umas três ou quatro [aquisições] que acredito que devam acontecer em 2022. E viemos fazendo operações maiores, que fazem mais sentidos. São movimentos que, em quantidade, são menores, mas em volume de clientes e de negócios, são maiores. Devemos dobrar o volume de negócios da companhia — conta.
A aceleração começou em 2020, quando a empresa desenhou um projeto nacional para chegar a mais Estados, além do Rio Grande do Sul. Para isso, fecharam parcerias com participações privadas, os conhecidos private equity, e também com o mercado financeiro.
— Hoje, o combustível para a companhia são os bancos de investimentos. Temos dois parceiros nesse viés, e o private equity ainda está no radar. Seguimos ainda buscando um parceiro financeiro, mas os movimentos que a gente fez até agora foram de financiamento de bancos de investimento, que acreditam no setor.
Recentemente, a coluna noticiou que a Brasil TecPar comprou a Titânia Telecom, que conta com aproximadamente 50 mil clientes no Mato Grosso, no centro-oeste brasileiro, por R$ 180 milhões. Essa foi a segunda aquisição da companhia em 2022. Em janeiro, foi integrada a Ponto Com, de Mato Grosso do Sul. Já em 2021, a Brasil TecPar já havia adquirido outras 14 operações, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A expectativa é fechar o ano com uma receita anualizada próxima de R$ 800 milhões.
Confira a entrevista completa com Gustavo Stock:
A Brasil TecPar nasceu em São Borja? A sede fica onde hoje?
Na verdade, a gente não nasceu como Brasil TecPar. Nascemos como um pequeno provedor de acesso à internet em São Borja em 1995. A gente está nesse setor, nessa atividade, desde sempre. A internet comercial no Brasil começou em 1995, e estamos nessa atividade desde lá. Na evolução do negócio, montamos sede em Porto Alegre, e atualmente temos sede em São Paulo. Brasil é um país continental, então precisamos escolher São Paulo como hub de conexão com outros Estados.
A partir de que momento que a empresa começou a crescer em ritmo mais acelerado?
Nós estamos executando um plano estratégico de 10 anos. A partir de 2013, desenhamos o projeto para atingirmos a liderança no Rio Grande do Sul. Fato que ocorreu em 2020. Liderança entre as empresas competitivas, tirando as operadoras nacionais. A partir dessa liderança regional, desenhamos o projeto da Brasil TecPar, com receptividade muito grande de outros Estados, basicamente replicando o modelo de negócios, processos e sistemas que aprendemos no plano vencedor do Rio Grande do Sul. E agora estamos entre as 10 operações competitivas do Brasil. E o grande crescimento foi a partir de 2020, quando lançamos o projeto nacional.
Vocês receberam investimento externo? Estão fazendo a expansão por meio de aquisições, certo?
Sim. O projeto nacional partia do princípio de encontrar um grande parceiro financeiro, private equity, para poder alavancar esse crescimento e dar combustível para essa máquina. Em 2021, trabalhamos forte nessa busca, encontramos alguns parceiros. Final de 2021 o mercado financeiro fechou, basicamente, em função da inflação mundial, do sistema político nacional, de vários fatores. E o grande parceiro hoje, combustível para a companhia, são os bancos de investimentos. Temos dois parceiros nesse viés, e o private equity ainda está no radar. Seguimos ainda buscando um parceiro financeiro, mas os movimentos que a gente fez até agora foram de financiamento de bancos de investimento, que acreditam no setor.
Qual a estrutura que a Brasil TecPar mantem no Rio Grande do Sul hoje?
Cerca, ainda, de 40% a 50% do volume de negócios da Brasil TecPar é no Rio Grande do Sul. A maioria das centrais de serviços — quase todas elas — estão sediadas com base no Rio Grande do Sul. Dos nossos diretores, um apenas se mudou para São Paulo para dar suporte às aquisições. Mas a maioria da gestão, os principais líderes, estão no Rio Grande do Sul.
Quais são os Estados onde a empresa está atuando hoje?
Até 2020 era exclusivamente no Rio Grande do Sul. Em 2021, a gente fez movimentos em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Cerca de 2,1 mil pessoas diretamente trabalhando na Brasil TecPar. Já considerando essa última aquisição, com cerca de 350 mil acessos físicos. Isso estabelece uma relação com cerca de 1 milhão de pessoas diretamente. Entregando um serviço extremamente relevante, essencial, que é o acesso à internet.
Qual o foco? Municípios menores? Tem regiões metropolitanas também, né?
O mercado de internet no Brasil é muito pulverizado, comparado com o resto do planeta.
Não parece, né? Ele não parece ser pulverizado, mas quando começamos a olhar mais atentamente, a gente vê isso. Isso tem permitido, inclusive, essas aquisições?
Perfeito. O mercado entrou em um momento de consolidação a partir de 2016, 2017. Esquentou muito. Vários fundos foram criados para poder consolidar esse mercado. Uma parte dele, concentrado em operações regionais, a exemplo da Brasil TecPar. Estamos entre as 10 maiores. São operações que atendem entre 300 mil e 500 mil acessos. É a primeira camada da consolidação. E você pergunta qual a estratégia. Primeiro, a posição geográfica dessas operações é importantíssima, para poder ter sinergia nas aquisições. Obrigatoriamente, passa por uma visão interiorana, onde as grandes operadoras nacionais não conseguem atingir. Então, esses grupos consolidadores começam no interior e chegam aos grandes centros, como essa operação que a gente fez em Cuiabá. Temos também operação na região metropolitana do Rio Grande do Sul. Porto Alegre ainda não tem uma operação comercial, com foco no varejo, mas a nossa base corporativa já é bem forte em Porto Alegre.
Quantas aquisições vocês já fizeram até agora?
De forma estruturada, e que a gente conseguiu auditar agora, foram 42 aquisições. De 2015 para cá. A gente fez outras, porque o mercado de internet passou por outras etapas, mas, de forma estruturada, 42.
E quais são os próximos passos?
A Brasil TecPar segue no plano, executando o plano.
Comprando mais empresas?
Adquirindo mais empresas que façam sentido, que tenham sinergia com a operação da TecPar para podermos agregar serviço e qualidade no atendimento, no suporte, sem abrir mão do crescimento orgânico. Ainda tem uma demanda orgânica bem significativa no mercado. A pandemia deu um recado claro. Aumentou muito a demanda de instalação de novos serviços com a pandemia. O crescimento orgânico é, ainda, uma estratégia da companhia. E as aquisições vêm, realmente, para materializar esse crescimento extraordinário que estamos contabilizando.
E bate 50 empresas compradas ainda em 2022?
A gente tem já umas três ou quatro ainda que, acredito, devam acontecer em 2022. E viemos fazendo operações maiores, que fazem mais sentidos. São movimentos que, em quantidade, são menores, mas em volume de clientes e de negócios, são maiores. A gente está em maio, devemos dobrar o volume de negócios da companhia.
Teremos sede nova?
Teremos sede nova da Gaúcha TecPar. A Gaúcha é nossa holding controladora, que tem sede no Rio Grande do Sul. Antes do projeto da Brasil TecPar, a Gaúcha era nossa holding operacional. Conduziu os negócios, as nossas subsidiárias.
Eu acho curioso que a holding é a Gaúcha TecPar, e que a Brasil TecPar faz parte da holding. Acho que isso está relacionado ao nosso bairrismo (risos).
Esse estilo do gaúcho nos ajuda na questão operacional, e, às vezes, nos atrapalha na questão institucional. Não é fácil a turma aguentar o tranco da gauchada (risos). Mas a dona, a controladora da Brasil TecPar é a Gaúcha TecPar. É uma holding societária, que está inaugurando a sede nova no dia 2. É uma boa oportunidade para quem quer fazer investimento nessa área.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.