Para conter a inflação, o varejo dos Estados Unidos quer que o governo de Joe Biden revogue as tarifas sobre produtos da China. O comunicado da NRF (National Retail Federation, Federação Nacional do Varejo em inglês) foi divulgado momentos após sair o indicador de maio apontando alta de 1% sobre abril, acima do previsto. No Brasil, foi de 0,47%. No acumulado de 12 meses, a inflação norte-americana fica em 8,6%, contra 11,73% da brasileira. A deles é menor do que a nossa, mas é a maior em 40 anos para os Estados Unidos.
As tarifas sobre produtos chineses foram adotadas em 2018, ainda no governo de Donald Trump. No entendimento do varejo, retirá-las teria um efeito mais rápido sobre a inflação do que o aumento da taxa de juros, o que é feito pelo banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), nos mesmos moldes da autoridade monetária aqui do Brasil.
- Pesquisadores independentes e agências governamentais concordam que acabar com as tarifas é a maneira mais rápida de aliviar a pressão de preços mais altos que empresas, trabalhadores e consumidores americanos enfrentam todos os dias. Enquanto o Federal Reserve continua com sua estratégia de longo prazo para conter a inflação, precisamos que o governo e o Congresso avancem nas medidas para baixar os preços que podem ser tomadas imediatamente. Revogar as tarifas é um desses passos e um dos mais eficazes e significativos - acrescenta o CEO da NRF, Matthew Shay.
A NRF, inclusive, lançou uma campanha publicitária pedindo ao governo que revogue as tarifas sobre produtos da China. A entidade afirma que elas aumentaram os preços para os consumidores americanos, custando à família média mais de US$ 1,2 mil por ano.
Além das sobretaxas, há alta de preços e falta de produtos chineses. O gargalo logístico mundial e os lockdowns da política de covid zero da China afetaram a oferta de produtos. Em janeiro, a coluna esteve na feira anual da NRF, em Nova York, e o principal assunto foi, realmente, a inflação. No palco, executivos de redes com milhares de lojas explicavam como lidar com a alta de preços, da aposta em marcas próprias até contrato de longo prazos com fornecedores.
Por outro lado, a indústria brasileira tem se beneficiado da dificuldade e do custo maior do Estados Unidos para importar da China. Um exemplo são as calçadistas gaúchas. As exportações do Rio Grande do Sul para os norte-americanos cresceram mais de 50%. Facilitar a compra de itens chineses pode ter um impacto na balança comercial por aqui.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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