Destilaria de Ivoti muito conhecida por suas cachaças, a Weber Haus vai investir R$ 35 milhões em uma nova fábrica na cidade. A nova estrutura faz parte de um plano da empresa de expandir sua presença no mercado externo. A operação deve gerar 60 novos empregos, multiplicar por oito a quantidade de cana de açúcar moída e contar com bastante automação: será uma indústria 4.0. A coluna falou sobre esses assuntos com Evandro Weber, diretor da Weber Haus. O assunto também foi tema do segundo episódio do podcast Nossa Economia, de GZH. Confira a entrevista:
Como será a nova fábrica que vocês vão construir em Ivoti?
Essa nova fábrica olha para o mercado externo também. Estamos crescendo bastante no Brasil, e o exterior exige, muitas vezes, mais volume. Precisamos dar certeza para o nosso cliente. Essa nova fábrica será totalmente 4.0, automatizada, com sustentabilidade total: energia fotovoltaica, geração de gás e energia de biomassa. Em todo o projeto, se pega cana da lavoura e se devolve ela líquida.Todo o adubo que usamos nas canas é feito da palha, do bagaço e do caldo delas que sobra da destilação.
Ela terá uma capacidade de produção maior do que a atual?
Lógico. Hoje nós moemos em torno de 12 toneladas de cana. Essa nova vai ampliar mais 100 toneladas.
Isso vai exigir também mais cana?
Exato. Estamos fazendo um projeto junto com a Emater e a prefeitura, e os agricultores familiares para ter uma cadeia produtiva. Temos hoje duas com quem já trabalhamos, mas vamos ampliar para mais 20 famílias plantando cana, para serem nossas fornecedoras. Além da nossa colheita própria.
Vocês empregam quantas pessoas diretamente?
Hoje, na fábrica atual, nós temos 42 pessoas. Nessa nova fábrica, nós estamos pensando em mais 60 pessoas.
Mesmo sendo automatizada?
Exatamente, porque o funcionário é muito importante para o processo de laboratório, de qualidade de cana. Como não temos a colheita mecanizada, a gente faz o corte manual, e para ter uma matéria-prima mais higienizada, melhor, não vamos abrir mão de fazer a colheita manual com o cortador de cana.
Qual vai ser o investimento financeiro para essa nova unidade?
Estimamos que vai chegar em torno de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões de investimento.
Qual é a previsão para dar início à obra e começar a produzir?
Estamos agora na fase de finalização de pequenas coisas, como Anotações Técnicas de Responsabilidade (ARTs) para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Acredito que dentro de 60 a 90 dias, esteja concluída.
E aí, de imediato, vocês iniciariam a construção?
Nós estamos com o planejamento de começar a terraplanagem ainda neste ano, se possível. Depende um pouco da prefeitura da cidade, porque tem um incentivo às empresas de Ivoti que ajudam na terraplanagem. Passa também pela Câmara de Vereadores. Mas eu acredito que, no máximo em fevereiro [de 2023], nós já estaremos começando com a terraplanagem.
Para quantos países vocês exportam hoje?
Hoje são 27 países, para todos os continentes do mundo. Acho muito legal porque tu consegues todas as pessoas, todas as culturas. A cachaça para o mundo, né?
A Weber Haus está muito associada à cachaça, mas é uma destilaria, e produz outras bebidas. Quais?
Hoje nós estamos com destilação de gins, já representa muito na nossa produção. Licores. Há oito anos nós começamos, também, com produção de rum. A diferença do rum para cachaça é a matéria-prima, somente. A cana é igual, só que para fazer o rum no Brasil, você precisa ter melado. Então, nós temos uma unidade que produz cachaça e melado, para, depois, transformar em rum. Essas são as novas tendências mundiais. O gim deu esse grande boom hoje, mas a Weber Haus foi a primeira a lançar gim artesanal do Brasil Mas por quê? Inovação, viagens internacionais, ver o que está acontecendo lá fora. Eu sempre digo: o que acontece hoje na Europa demora cinco anos para chegar em São Paulo, e depois demora mais cinco anos para chegar até Porto Alegre. Então, o que vai acontecer daqui a cinco anos já está acontecendo na Europa. É só olhar o que eles estão fazendo, que vai chegar aqui também.
Por isso que o diretor está indo para lá agora?
Exato. A gente vai fazer uma visita técnica em feiras e depois em fábricas da Escócia para ver o que o mundo do uísque faz. Não precisa se fazer, muitas vezes, grandes invenções. Copiar um pouquinho também faz bem, né? (Risos).
Teremos uísque gaúcho?
Uísque gaúcho já temos. Temos uma parceria hoje com uma fábrica de Bento Gonçalves. Compramos alguns litros, que estamos envelhecendo para ser um uísque X-Barril Weber Haus de cachaça.
Como funciona o departamento de inovação da Weber Haus?
O departamento de inovação é a coisa mais importante para nós hoje. A decisão de criá-lo foi porque a gente erra muito. E, muitas vezes, quando você toma as decisões precipitadas, é porque você faz e não analisa se pode dar certo ou não. Hoje, adotamos uma ferramenta que a Nasa usa, em que primeiro tu tens a ideia, depois a estuda, e só a executa se fizer uma avaliação e a pontuação passar de seis ou sete. Está dando certo. Se a Nasa usa, por que a gente não pode usar, né? A inovação é tudo. Sempre digo: se não tiver inovação, você é um desconhecido.
Ouça o podcast Nossa Economia:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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