Considerado o xerife da livre concorrência no país, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, por unanimidade, a compra do Grupo Big pelo Atacadão, afiliada brasileira do Carrefour, em uma negociação de R$ 7,5 bilhões. A aquisição, porém, foi condicionada a restrições para evitar concentração de mercado. Na prática, trata-se da venda de unidades, incluindo em cidades gaúchas como Viamão, Santa Maria e Gravataí.
A negociação inclui 133 lojas na Região Sul. Entre elas, estão as bandeiras BIG, Nacional e Maxxi. Ou seja, o acordo envolve supermercados, hipermercados e atacarejos. Em janeiro, a superintendência-geral do Cade já tinha recomendado que o negócio fosse aprovado mediante a adoção desses "remédios" para não causar preocupações concorrenciais. Na apresentação de resultados do quarto trimestre de 2021, em fevereiro, a empresa inclusive informou ter celebrado um Acordo de Controle de Concentrações que "prevê a alienação de operações para mitigar problemas de concentração excessiva". Diz também que "a superintendência do Cade menciona até 11 das 388 lojas do Grupo BIG, representando até 2,8% do portfólio total de lojas".
Nas últimas semanas, tanto o conselho de administração do Atacadão — bandeira de atacarejo do Grupo Carrefour — como do próprio Carrefour aprovaram a compra do Grupo Big. No caso do Atacadão, o conselho aprovou a compra das ações do Grupo Big que equivalem a 70% do capital social, e também recomendou a incorporação de 30% das ações remanescentes.
Com a compra, a marca BIG deve ser extinta. Lembrando que esse já era o plano do Walmart, interrompido pela venda da operação brasileira para o fundo de investimentos Advent. O comprador, na época, não só retomou a marca como usou ela no nome da holding que foi criada. Agora, o Carrefour informa que os hipermercados serão convertidos para as bandeiras Carrefour mesmo, Atacadão ou Sam's Club. A escolha dependerá da localização e do potencial do modelo de negócio de cada unidade. Para o grupo francês, isso vai melhorar as vendas e os resultados da operação.
Já a bandeira Nacional, antiga em supermercados gaúchos, deve ser mantida devido à sua presença local. No entanto, a marca deve ter acrescentados elementos da marca Carrefour, como o "C" do logotipo. O mesmo deve ocorrer com o Super Bom preço, que é forte no Nordeste.
O Grupo BIG tem 387 lojas e 41 mil funcionários. Ele possui lojas em 19 Estados brasileiros e registrou R$ 24,9 bilhões em vendas brutas em 2020. Já o Carrefour é um grupo francês que tem diversos hipermercados com a marca no Brasil. Ele também é dono do Atacadão, bandeira de atacarejos que tem forte expansão em andamento no Rio Grande do Sul.
"A todo vapor"
O processo envolvendo a compra do Grupo BIG pelo Carrefour já passa de um ano. Quando foi anunciado o plano de aquisição, a coluna participou da conferência de detalhamento de resultados trimestrais da empresa francesa ao mercado financeiro e perguntou como estava o planejamento da gigante do varejo. Sébastien Durchon, à época, vice-presidente de finanças e de relações com investidores do Carrefour, e responsável pela integração do Grupo BIG, respondeu que iria aproveitar o tempo de análise do Cade para deixar tudo preparado.
- O tempo depende do Cade, mas não vamos ficar parados. Assim que fechar a transação, começaremos a integração a todo vapor - disse ele. Relembre: "Assim que fechar, começaremos a todo vapor", diz executivo do Carrefour que vai liderar integração do Grupo BIG
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.