O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Tem nova movimentação na negociação de R$ 7,5 bilhões para a venda do Grupo BIG ao Carrefour Brasil. A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) informou nesta terça-feira (25) que encaminhou a aquisição para análise do tribunal do órgão. O acordo de compra foi anunciado em março de 2021, e precisa ser aprovado pela autarquia para ser concretizado.
Ao encaminhar o parecer , a superintendência-geral do Cade recomendou que o negócio seja aprovado "mediante a adoção de remédio negociado com as empresas" para não causar preocupações concorrenciais.
Segundo o documento, a aquisição não tem potencial de gerar problemas concorrenciais nos mercados de atacado de distribuição e de postos de combustíveis, mas o Cade identificou regiões que seriam prejudicadas pela operação varejista. Uma delas é Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre.
Segundo o órgão, "é necessária a aplicação de remédios estruturais que mitiguem a probabilidade de efeitos concorrenciais danosos nos mercados relevantes em torno de três unidades alvo em Gravataí/RS: supermercado Nacional Gravataí, hipermercado BIG Gravataí e atacarejo Maxxi Gravataí São Geraldo".
Para mitigar a concentração de mercado, a superintendência geral do Cade negociou com as empresas um acordo em controle de concentrações (ACC), que prevê o desinvestimento, ou seja, a venda, de algumas unidades de varejo, "além de compromissos comportamentais relacionados à não-concorrência e à manutenção da viabilidade econômica das unidades desinvestidas até a efetiva transferência dos negócios".
Nesse acordo, há a solução para a concentração de mercado de Gravataí. Detalhes não foram divulgados. No parecer público, porém, há indicação que, em caso de aprovação do ACC como proposto, uma unidade da cidade, cujo nome não foi disponibilizado, passaria a ser operada por um concorrente.
O acordo também aponta soluções para questões de concorrência em outras duas cidades gaúchas: Viamão e Santa Maria, além de unidades de Pernambuco e Ceará.
O caso agora será avaliado pelo tribunal do Cade, responsável pela decisão final. O Cade dispõe de até 240 dias, prorrogáveis por mais 90, para concluir a apreciação de atos de concentração. O prazo legal para conclusão da análise da operação envolvendo o Grupo BIG passou a contar a partir de 12 de julho de 2021.
O Grupo BIG pertence, atualmente, a uma sociedade entre o fundo de investimentos Advent International e o Walmart, que praticamente saem do negócio agora. O Advent comprou, em 2018, 80% da operação brasileira do Walmart, que estava, na época, transformando as lojas. As bandeiras BIG e Nacional seriam extintas e as unidades estavam recebendo o nome de Walmart. O processo foi interrompido pela aquisição, que gerou, depois, a criação da holding Grupo BIG.
Já o Carrefour é um grupo francês que tem hipermercados com a marca no Brasil. Ele também é dono do Atacadão, bandeira de atacarejos em expansão no Rio Grande do Sul, onde, inclusive, comprou lojas do Makro.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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