No início da pandemia, a coluna conversou com Claudir Dullius, dono da rede de lojas Dullius, que relatou a dificuldade do período e o quão duro estava escolher os funcionários que teriam que ser demitidos. Quase dois anos depois, o programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, voltou a falar com o empresário para saber como está a situação agora e o resultado da empresa no último ano. Confira:
Como está hoje a situação na empresa?
É triste lembrar do passado. A gente brigava para abrir no domingo e jamais pensava em fechar um dia. Quando falaram, por volta do dia 20 de março (de 2020), que iriam fechar as lojas, achávamos que seria por um dia, cinco dias. Estamos agora com dois anos de pandemia, mas, graças a Deus, o pior passou. Mas foi muito dolorido. Eu sou uma pessoa super humana, procuro deixar meus funcionários mais humanizados, em um ponto vencedor, tratar bem para que eles tratem bem os clientes. Desligar pessoas é dolorido para o dono, sabendo que, por trás daquele funcionário, tem uma família, filhos, tem que colocar o pão na mesa. Mas agora, se vê muita coisa boa. Nossa empresa, no ano passado, teve um dos melhores anos da história em lucro. Nos reinventamos, começamos a fazer marca própria.
Essa melhora no resultado vem dessa reinvenção ou também um consumo represado?
Também. Mas a crise te força a fazer mudanças. Nesse sentido, ela é boa. Se o mar anda tranquilo, tu não faz muita força. Mas quando tu vê que vem uma tempestade, tu te mexe, ficha mais atento ao redor.
E algumas coisas, como por exemplo redução de custos, acabam ficando depois.
Sim. A gente começou a levar produtos nas casas das pessoas. O delivery Dullius. Foi um projeto que, claro, muitas empresas estão fazendo, mas a gente manda várias coisas. A pessoa pede uma blusa, mas mandamos junto outra blusa, dois sapatos, uma calça... e, quando vê, a pessoa experimenta a roupa em casa, e as vendas melhoraram muito. Tivemos um lucro 200% maior.
E vocês recuperaram os empregos que tiveram que fechar?
Graças a Deus. Abrimos mais duas lojas em dezembro: em Capão da Canoa e no Recanto Maestro. Ficaram muito bonitas. A gente se reinventou. E vou dizer uma coisa: acho que é bom mexer com o brio da gente, porque se não ficamos em um marasmo. Tem que se virar.
Qual a novidade de economia circular?
Estamos caminhando para uma ideia de democratizar a moda. A gente vende marca. Não é uma marca de butique, mas é uma loja de marca: Colcci, Ellus, Fórum, Cavalera. E, agora, a nossa marca própria. E o que vemos é que 70% das pessoas não usam as roupas penduradas no guarda-roupa. Pensamos — não é uma criação nossa, mas vimos a ideia e aperfeiçoamos — e fizemos a marca Da Vez. Já fizemos dois eventos na beira do mar de Capão da Canoa. É assim: quais as roupas que você gostaria de vender? A gente pega, avalia - precisa estar em um determinado estado de qualidade - vende e tu ganha um valor para recompra. Desse valor de venda, parte vai para associações beneficentes. Estamos escolhendo a APAE e um lar de idosos. Se alguma peça não for aprovada, a cliente pode escolher entre recolher ou doar para alguma associação. Estamos fazendo um bem social para a comunidade, para que pessoas possam adquirir uma peça de valor com bom estado de uso, de marca, para a qual não teria condições. E a pessoa que entrega ganha mais espaço no roupeiro e, psicologicamente, se sente menos cobrada.
Ouça também no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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